PAICV e UCID pedem políticas públicas com impactos reais na vida dos cabo-verdianos

Cidade da Praia, 10 Jun (Inforpress) – Os partidos da oposição PAICV e UCID exortaram hoje a Governo a ser “mais ousado” e “realista” na implementação de políticas públicas assertivas que impactam verdadeiramente a vida dos cabo-verdianos e promovam a inclusão social em Cabo Verde.

A posição do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) foi manifestada pela deputada Ana Paula Moeda, quando intervinha na abertura do debate com o ministro da Família e Inclusão Social, Fernando Elísio Freire, durante a primeira sessão parlamentar deste mês.

De acordo com a deputada do maior partido da oposição, tendo em conta o contexto de crises que o mundo enfrenta, Cabo Verde deve ter um Governo com rosto humano e pendor social forte, salientando que as funções sociais desempenhadas pelo Estado ganha hoje uma maior importância e tornam-se vitais para o país como resposta a crescente degradação da qualidade de vida agravada pelo aumento do custo de vida.

Esta “perda assustadora de rendimentos” e “subida desmedida dos preços, sem precedentes”, no seu entender, reflecte no aumento da pobreza que atinge “valores preocupantes”, faz emergir novos pobres, defendendo a necessidade de se reverter este quadro para que Cabo Verde continue o percurso de desenvolvimento.

“Os níveis de pobreza do país falam por si. Mais de 175 mil pobres, temos milhares de pessoas que estão a sobreviver com menos de 190 escudos por dia, no limiar da pobreza extrema, que já atingiu números acima das 115 mil pessoas, a desigualdade social é elevada e afirmamos que as medidas do Governo não têm tido impacto na vida dos cabo-verdianos que mais precisam”, declarou.

Paula Moeda exortou, neste sentido, ao Governo, a tirar do papel os programas concebidos, a implementar estratégias que realmente beneficiem as pessoas que mais precisam, alertando que as políticas de anúncios e recuos não correspondem à exigência e urgência de um povo que por sua vez “não pode esperar mais”.

A deputada do PAICV lembrou ainda que mais de 62 mil famílias enfrentam problemas habitacionais, pelo que defendeu que o Governo deve investir mais em acções concretas com foco na verdadeira inclusão social e ser mais célere por forma a acudir igualmente as famílias do meio rural.

“O desenvolvimento sustentável do país passa definitivamente pelas políticas públicas mais assertivas, oportunas, estruturantes e que acima de tudo garantam a sustentabilidade das famílias e do País. O Governo precisa ser mais ousado, corajoso e realista para acudir as que mais precisam”, desafiou.

Por seu turno, a deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), Zilda Oliveira, na sua intervenção referiu que a sucessiva acumulação das várias crises impactou as certezas relativamente ao futuro individual e colectivo e que esta nova zona de incertezas abriu nichos a vulnerabilidade com evidentes impactos da qualidade de vida da população.

“Ao acentuar, as desigualdades sociais e a exclusão social, o poder de compra das famílias cabo-verdiana diminui, o desemprego encontra-se nos 14,5% e, consequentemente, o número em situação de pobreza aumentou, são 175 mil pessoas, e a insegurança alimentar é relevante”, asseverou, considerando que o emprego, a educação e formação devem ser as vias para se combater a pobreza.

Zilda Oliveira defendeu, neste sentido, a necessidade de se repor o poder de compra dos cabo-verdianos e a adopção de medidas estruturantes, reconhecendo que as acções levadas a cabo não têm tido impactos positivos na vida dos cabo-verdianos.

CM/CP

Inforpress/Fim

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