PAICV acusa Governo de “lavar as mãos” quanto à falta de voos da TACV para São Vicente (RECTIFICADA)

Cidade da Praia, 12 Dez (Inforpress) – O PAICV acusou hoje o Governo, numa declaração política, no Parlamento, de “lavar as mãos” quanto à falta de voos da TACV para São Vicente, sessão em que estiveram ausentes quase todos os ministros, inclusive o das Finanças.

Esta crítica ao executivo de Ulisses Correia e Silva foi feita em declaração política por parte do líder parlamentar do maior partido da oposição, Rui Semedo.

Conforme o parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, o primeiro-ministro “lavou as mãos, que nem pilatos, desresponsabilizando-se e transferindo todo o ónus para o mercado”, ao afirmar que a ligação de e para S. Vicente, nas rotas internacionais, a decisão nem é administrativa nem política.

“O primeiro-ministro deixou a todos de queixo caído e no desamparado, colocando uma ilha, como São Vicente, à mercê dos caprichos do mercado e da ditadura dos lucros como critério único para a política de transporte”, criticou Rui Semedo, para quem o Governo não “para de surpreender com declarações bombásticas, impensadas e pouco responsáveis.”

Para o líder do grupo parlamentar do PAICV estas afirmações confirmam o que o seu partido temia. Isto é, ou “não existe política de transporte para um país arquipelágico, como Cabo Verde ou então, existem políticas erradas como a política por detrás desta decisão precipitada, imponderada e desajustada à realidade de insularidade.”

O mesmo defendeu que o critério mais importante da ligação deveria ser o da existência de pessoas, a quem devem ser garantidas possibilidades iguais e liberdade de circulação em condições, as mais favoráveis, tanto de comodidade, como de custo ou de preço a pagar.

Por outro lado, lembrou que se trata de o direito da regularidade de circulação de pessoas de todas as ilhas pela transportadora nacional, onde estão investidos recursos de todos.

No seu entender está-se perante “uma decisão eminentemente política e não do mercado, por mais que se queira idolatrar as virtualidades e a perfeição do mercado na regulação da vida das pessoas.”

Na mesma linha o deputado e líder da bancada da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, reforçou que em 2015 a TACV teve 3.4 milhões de contos negativos, em 2016 teve 2.24 milhões negativos e em 2017 teve 3.66 milhões negativos. Por isso, acredita que o argumento que o Governo apresenta da viabilização económica da TACV “não cola”.

“Os dados falam por si. A não ser que o Ministério das Finanças esteja a nos enganar. Os dados do Ministério das Finanças dizem que a empresa hoje tem um passivo à volta de 15 milhões de Contos”, referiu António Monteiro, para quem o que interessa ao país, a Cabo Verde, e aos são-vicentinos, em particular, é a retoma dos voos internacionais.

Apesar de quase toda a totalidade dos membros do Governo estarem ausentes, marcaram presença apenas a ministra da Justiça Janine Lélis e o ministro da Cultura Abraão Vicente, este último tomou as rédeas para defender as posições do Governo.

Para o ministro, pedidos da oposição são “populistas e irresponsáveis” porque levam ao sacrifício não só da TACV, mas também de um programa de governação amplo e leva ao sacrifício de outros sectores.

Por isso, Abraão Vicente defendeu que os deputados da oposição terão que escolher entre os projectos para a educação, para a saúde e para a infraestruturação, terminal de cruzeiro, os projectos de governação apresentado e aprovado por uma maioria legítima e os desejos populistas que vêm de acordo com as notícias dos jornais.

“Os senhores têm que escolher e dizer aos cabo-verdianos onde vamos continuar a sacrificar para continuar a subsidiar determinadas linhas. Mais, o que está em causa é voltar a ganhar a credibilidade de uma empresa para que o processo de privatização tenha um bom sucesso”, sustentou o governante, afirmando ainda que nunca se esteve tão perto de privatizar a TACV, objectivo que o próprio Governo do PAICV tentou atingir e nunca conseguiu, enfatizou.

(Nova versão que substitui, no primeiro parágrafo, a expressão “debate do Orçamento do Estado” por “declaração política” e exclui, no 11º parágrafo, a frase “do debate que vai analisar o OE 2019 em especialidade”).

CD/FP

Inforpress/Fim

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