Cidade da Praia, 08 Mar (Inforpress) – O PAICV afirmou hoje que o sector da saúde em Cabo Verde enfrenta ainda muitos constrangimentos e acusou o Governo de falhar os compromissos e da falta de investimentos visando reforçar e melhorar o sector.
A acusação do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) foi feita pela deputada Ana Paula Moeda quando intervinha no debate parlamentar com a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves.
De acordo com a deputada, o sector público da saúde em Cabo Verde conheceu um desenvolvimento a todos os níveis, salientando que as intervenções neste sector de há quatro décadas para cá devem ser reconhecidas e que tiveram um impacto positivo na organização para a prestação de cuidados de saúde.
No entanto realçou, que o Sistema Nacional de Saúde enfrenta o desafio da qualidade e da capacidade de resposta, indicando que as listas de espera na saúde continuam, apesar do Governo ter prometido aos cabo-verdianos uma “saúde sem listas de espera”.
Os profissionais de saúde, segundo Ana Paula Moeda, lutam muito, mas laboram em condições adversas e os problemas laborais no sector da saúde são uma realidade a reconhecer para poder agir.
Questionou, neste sentido, a ministra da Saúde qual a planificação dos recursos humanos, quer para substituição dos quadros que vão para a reforma quer para a especialização dos médicos e enfermeiros e a planificação para a gestão das carreiras dos enfermeiros, auxiliares e ajudantes de serviços gerais com contratos precários.
Esta parlamentar do PAICV acrescentou que os agentes sanitários com sobrecarga de trabalhos multifacetados usufruindo dum salário não compatível com a respectiva actividade e funções sentem-se “profundamente injustiçados”.
“Precisamos de novos sistemas para planear e gerir o sector face aos recursos limitados e à necessidade de oferecer serviços de maior qualidade. As promessas, de há sete anos, de médicos de família e, de há dois anos, médicos e enfermeiros de família. Estamos perante promessas falhadas e isto para não falar de centros de saúde de primeiro nível em todas as ilhas que não tenham hospitais regionais”, afirmou.
A deputada do maior partido da oposição referiu ainda que o sub-sistema farmacêutico está no “seu pior momento”, apresentando sinais de ruptura de medicamentos essenciais à sobrevivência dos pacientes como, por exemplo, diabéticos, hipertensos, sendo certo que a lista de medicamentos em falta já é grande e os seus custos elevados.
Considerou ser um f”orte sinal de desresponsabilização” do Estado anunciar a privatização do sector, salientando, por outro lado, que o medo de adoecer nas ilhas torna-se preocupante e a falta de investimentos na saúde empurra pacientes duma ilha para outra ou para o exterior à procura de tratamento adequado.
“Contamos hoje com mais de mil doentes evacuados para o exterior, um mal necessário enquanto não forem melhoradas as condições no País, para evitar este drama. As ilhas clamam por mais investimentos na saúde, as evacuações devem ser repensadas”, lamentou, frisando que a saúde mental, um sector sensível e de extrema importância, continua a ser o parente pobre do sistema e sem a autonomia desejável.
Ressaltou ainda que o actual Governo, em sete anos, não conseguiu que a saúde mental e os seus profissionais tivessem a atenção e a valorização que merecem pois trabalham sem expectativa e em condições muito adversas.
Ainda conforme Ana Paula Moeda, em todas as ilhas os utentes ainda com sérias dificuldades no acesso aos serviços de saúde, devido a barreiras de vária ordem, quer geográficas quer financeiras especialmente em ilhas onde os recursos de saúde são escassos e os transportes tornaram-se incertos e sem previsão, considerando ser necessário medidas para fazer face às desigualdades regionais que afectam os serviços de saúde.
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