Operadores turísticos defendem aposta no turismo interno e pedem mais independência no pós-covid

Cidade da Praia, 27 Jun. (Inforpress) – Os operadores turísticos nacionais alertam para a necessidade de se trabalhar o turismo interno, como forma de dar mais independência a esta actividade no pós-covid, ainda que seja insuficiente suprimir a quantidade de turistas estrangeiros que visitam o País.

Este é o resultado de duas videoconferências organizadas sexta-feira e hoje pela Associação de Turismo de Santiago e pela Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVT), no seguimento a outras reuniões realizadas em todas as ilhas, que prossegue na manhã da segunda-feira com operadores da ilha do Sal.

Quarenta e três empresários de Santiago e 16 da Boa Vista (cabo-verdianos e estrangeiros) manifestaram as suas preocupações nesses encontros e avançaram algumas directrizes para complementar as medidas já implementadas pelo executivo, com relevância para a mobilidade interna entre as ilhas.

Ao fazer o balanço destas reuniões, o presidente da Associação de Turismo de Santiago, Eugénio Inocêncio, considerou à Inforpress que, de uma forma geral, salvo pequenas excepções, torna-se necessária adoptar uma política de mobilidade interna entre ilhas, marítima e aérea, à semelhança do que acontece em outros arquipélagos, como os Açores.

O estabelecimento de tarifas máximas com preços definidos pelo regulador é apontado como uma das exigências para o incentivo da mobilidade nos diversos períodos do ano, assim como a necessidade de capitalizar as empresas, de modo a se preparem para a retoma do turismo, previsto para Agosto próximo.

“Há um período de tempo em que é preciso acudir, com dinheiro fresco, as empresas em grande dificuldade. Estamos a sugerir o estabelecimento de dois possíveis instrumentos que possam ser aplicados num curtíssimo prazo, de forma muito rápida de Santo Antão à Brava, à emissão de obrigações convertíveis em capital”, elucidou.

As empresas que não estejam em condições de poder beneficiar deste apoio, explicitou, poderão recorrer-se à Pro-empresa e à Pró-capital, assim como à Bolsa de Valores, que dispõe de experiências adquiridas e pessoal próprio para emissão e controlo dos produtos.

O mesmo entende ser fundamental defender a existência das empresas, evitando as suas falências, em todas as ilhas, enquanto garantia do turismo no pós-covid-19, tendo prognosticado que seria desastroso se estes empreendimentos desaparecessem.

Reafirmou que as associações empresariais do sector estão disponíveis para “continuar a trabalhar com as autoridades e encontrar as melhores soluções para esta situação, que não é nada fácil de enfrentar”.

Referiu, por outro lado, que os empreendimentos da ilha de Santiago, que tem estado a receber nos últimos dois anos à volta de 80.000 turistas por ano, que permitem o funcionamento das mais diversas empresas, garantindo o emprego a centenas de pessoas, encontram-se na sua maioria parados, ainda que algumas beneficiem das medidas adoptadas pelo Governo como Lay-off.

A mesma fonte revelou que nesta segunda etapa, muitas destas empresas já não têm disponibilidade financeira para acudir com os 35 por cento do salário aos trabalhadores, pelo que se encontram em situações muito difíceis.

Considerou, Eugénio Inocêncio, não ser possível mesmo a médio prazo, as ilhas como Santiago e Santo Antão cobrir ainda que uma parte substancial, internamente,  os 80 mil e 25 mil turistas anuais, respectivamente, mas alegou que mesmo quando a taxa de ocupação é relativamente baixa vai dando para manter alguma receita.

Com a finalidade de se fazer o levantamento sobre o modo como as empresas estão a reagir à covid-19 e como preparar as empresas e ilhas para a retoma no pós-covid,  estas vídeoconferências contaram ainda com a participação de  representantes do Ministério do Turismo e do director do Serviço do Ministério do Turismo.

SR/ZS

Inforpress/Fim

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