Cidade da Praia, 23 Dez (Inforpress) – O presidente da Organização Nacional Antidopagem de Cabo Verde (ONAD-CV) disse hoje que a organização que dirige quer proteger e promover o “atleta e desporto limpo” e tornar o país “referência e exemplo a seguir” em África.
Emanuel Passos, que falava à Inforpress, na cidade da Praia, à margem da assinatura de um protocolo entre ONAD-CV, Universidade de Cabo Verde (UNICV) e a Universidade Jean Piaget, explicou que a parceria rubricada hoje visa promover investigações, tendo em vista alcançar a meta estipulada, apostando na sensibilização e na promoção do desporto limpo.
“Nós temos vindo a afirmar, ao longo deste tempo, que a investigação científica seria a pedra basilar de todas as nossas decisões. Portanto, o objectivo principal da assinatura desse protocolo é dar o primeiro passo no sentido de criar grupos de investigações científicas relacionadas com a problemática da dopagem”, demonstrou.
Conforme explicou, é necessário perceber o que que os atletas consomem, porquê, quais são as suas motivações e o que está por detrás de um certo tipo de comportamento.
“Como a problemática da dopagem é algo que vai para além da questão da ética e do tráfico, uma vez que tem muito a ver com a saúde pública, também precisamos saber quais são as consequências do consumo destas substâncias na saúde dos nossos atletas”, justificou.
Além da investigação científica, com a assinatura do referido protocolo, a ONAD-CV vai acolher estagiários das referidas universidades e, conjuntamente, as partes vão realizar eventos de reflexão científica, assim como produzir e divulgar artigos científicos.
Mais tarde, prevê-se a criação de concursos sobre projectos de investigação relacionados com a problemática da dopagem.
O responsável explicou que a ONAD-CV esta numa fase “muito incipiente” da sua criação, mas afiançou que neste momento se está a criar a comissão da autorização e monitorização terapêutica, assim como a implementação do gabinete jurídico.
O foco daquela organização tem sido “essencialmente” a prevenção da dopagem, através da “educação baseada nos valores”.
“Anos após anos temos estado a aumentar o número dos controlos e este ano pretendemos fazer 60 controlos. Já fizemos 52 e, até o fim do ano, vamos fazer mais dois”, garantiu, acrescentando que o objectivo para o próximo ano é aumentar o número de controlos, mas também expandir as verificações para todas as modalidades.
Dos controlos que já foram analisados, adiantou, a ONAD-CV não registou nenhum resultado analítico positivo.
Contudo, ressalvou, as amostras quando recolhidas podem ser guardadas durante dez anos, o que, ao seu ver, nada garante que as recolhidas no ano passado são negativas.
Por sua vez, a reitora da Uni-CV, Judith Nascimento, considerou que as universidades têm um papel “muito importante” nesta luta, porque é onde se fazem as investigações e se produzem os conhecimentos científicos.
“A Universidade de Cabo Verde tem, inclusive, uma faculdade da educação e desporto, no quadro da qual, essa é uma das temáticas que queremos desenvolver”, frisou, reforçando que a instituição que dirige tem estado em contacto com a ONAD-CV na construção de instrumentos que servirão de suporte na luta contra dopagem.
Por seu lado, o reitor da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Wlodzimierz Szymaniak, declarou que as universidades nunca devem estar afastadas da sociedade e, neste sentido, reforçou, disse esperar que esta parceria possa ir além da luta contra a dopagem.
“A universidade tem por exemplo cursos de análises clínicas, enfermagem, assim como laboratórios de análises clínicas e da biologia. Pensamos que muitos trabalhos podem ser realizados conjuntamente com a ONAD-CV, aproveitando as competências e conhecimentos dos nossos estudantes”, propôs.
Para ele, deve haver a sensibilização da opinião pública porque a dopagem no mundo actual afecta não só os desportistas de alta competição, mas também online pode se comprar muitas substâncias até para resistir mais numa festa.
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Inforpress/Fim