Olavo Correia defende importância de representação do BAD em Cabo Verde para a melhoria no tempo de respostas

Cidade da Praia, 13 Mar (Inforpress) – O vice-primeiro-ministro e ministro das finanças, Olavo Correia, defendeu hoje a necessidade de um escritório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Cabo Verde para que haja a melhoria na velocidade das respostas ao financiamento de projectos.

“Um dos desafios maiores que nós temos tem haver com a velocidade das respostas e, tendo um escritório do BAD em Cabo Verde, facilita a coordenação, o trabalho conjunto e todo o processo decisório, garantindo que sejamos rápidos na preparação de projectos, mas também na sua aprovação e execução”, disse o também ministro da Economia Digital, à saída de um encontro com uma missão composta por sete administradores do BAD.

Conforme referiu, o Governo está igualmente a trabalhar com um grupo de entidades que vão ter nos próximos tempos representações em Cabo Verde, entre elas o BAD “para poder permitir que todo o direcionamento se faça com maior facilidade”.

Além da questão da representação do BAD, Olavo Correia abordou com a delegação a questão da integração regional, um sector onde defende que se deve resolver “um problema prévio”, que tem a ver com os transportes marítimos, a ligação Cabo Verde com Senegal, Abidjan, Nigéria e com os demais países do continente africano.

“Sem esta ligação marítima dificilmente podemos falar da integração regional ou da zona de livre comércio africano (Zelecaf) com a participação de Cabo Verde, assim como também o projecto do cabo submarino Amílcar Cabral que vai ligar Cabo Verde e um conjunto de outros países da sub-região para poder garantir maior segurança e também, no que tange a serviços, a economia digital”, continuou.

Sobre a mesa estiveram também, segundo Olavo Correia, aquilo que são as prioridades do Governo para os próximos tempos, entre elas a transição energética, a transição digital, a promoção da economia circular e a criação da cadeia de valor.

“Aquilo que ficou claro e patente é que a abordagem não pode ser apenas numa abordagem de projecto. Tem que ser uma abordagem global que pensa o projecto de início ao fim, ou seja, mais do que financiar um projecto é criar valor com o projecto. Nós podemos construir uma infraestrutura que custa 50 ou 70 milhões de euros, com financiamento, até é a parte mais fácil, mas a questão que se coloca é como é que nós podemos criar valor a partir desta infraestrutura e ficou patente que isso é muito relevante para o futuro de Cabo Verde”, explicou.

Aos representantes do BAD, Olavo Correia disse ter defendido que Cabo Verde não pode ser prejudicado, uma vez que tem um PIB per capita elevado, tendo saído do gichê FAD para o guichê BAD, onde as condições em termos de “pressing” são piores e mais exigentes.

“Nós falamos que é muito importante que seja considerado as vulnerabilidades e fragilidades de Cabo Verde e que também o sucesso não seja penalizado, por forma a que Cabo Verde possa continuar a ter acesso a financiamento concessionais, por um lado, sem prejuízo de nós termos capacidade para mobilizar financiamentos privados de fundo de pensões, de fundo soberanos e de outras instituições financeira internacionais de parceiras publico-privadas para alavancarmos o desenvolvimento de Cabo Verde”, acrescentou.

O encontro serviu ainda para se abordar o compacto lusófono e a necessidade de se criar em conjunto com o BAD uma capacidade institucional para ajudar o sector privado e o sector público a preparem projectos bancáveis, não só para o guichê BAD, mas também para as demais instituições internacionais de financiamento.

“O grande desafio que nós temos é ao nível da preparação de projectos impactantes para economia cabo-verdiana, seja do lado do público como do lado do privado. Então criando essa capacidade juntamente com o BAD, estaremos a facilitar todo o processo de preparação de projectos porque dizer que não financiamos porque não há projetos não trás vantagens para ninguém”, frisou.

Nos últimos 46 anos, o BAD financiou cerca de 610 milhões de euros a Cabo Verde. Há, actualmente, quatro projectos em execução, num pacote que representa cerca de 70 milhões de euros.

O BAD, como um Banco de Desenvolvimento, tem como missão acelerar o crescimento sustentável dos países membros e reduzir a pobreza. Conta com cerca de 80 países, sendo 54 africanos e 27 não regionais e de outros continentes.

Durante esta missão, a delegação reunir-se-á com as autoridades nacionais, os parceiros de desenvolvimento, a sociedade civil, o sector privado. Aproveitam ainda para visitar os projectos financiados pela instituição. Entretanto, um dos pontos crucias desta missão é a possibilidade de abertura de um escritório do BAD em Cabo Verde.

A missão, que teve início esta segunda-feira, se estende até a próxima sexta-feira, 17 de Março e inclui ainda uma visita à ilha do Fogo, com o objectivo de explorar o potencial agrícola.

GSF/JMV
Inforpress/Fim

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