Cidade da Praia, 16 Mar (Inforpress) – A Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVCV) concedeu à Morabi uma emissão de 100 mil contos que vai permitir às mulheres chefes de famílias e jovens empreendedores terem acesso ao financiamento com uma taxa mais baixa.
Segundo o vice-primeiro-ministro, ministro das Finanças e do Fomento Empresarial e ministro da Economia Digital, Olavo Correia, trata-se de “um momento importante e histórico” para o mercado financeiro cabo-verdiano, com o lançamento da primeira emissão social em Cabo Verde e em África, na qual a emitente é uma instituição de micro finanças a nível global.
Olavo Correia explicou que conseguiram mobilizar 100 mil contos para a Morabi garantir “melhores condições de financiamento” àqueles que actuam no sector micro empreendedorismo, sendo que é uma das áreas que “mais sofreu” com a pandemia da covid-19, assinalou, e que está a ter impacto com a mais recente guerra na Europa do Leste.
“Com essa operação, a Morabi, que praticava uma taxa de juro de cerca de 22%, vai praticar agora uma taxa máxima de 12% para beneficiar todos aqueles que actuam no sector das micro finanças e do micro empreendedorismo para que possam ter acesso ao financiamento a um custo mais baixo e empreender”, apontou.
A ideia, segundo o governante, é ter micro, pequenos e grandes empresários com uma economia formalizada, e para tal o Governo quer ajudá-los a ter acesso ao financiamento mais baixo e a entrarem na onda de formalização em que “todos saem a ganhar”.
Avançou que essa emissão tem uma importância particular para o sistema financeiro cabo-verdiana porque teve a participação de várias entidades, como a Bolsa de Valores de Cabo Verde, o Governo, através da Garantia, BCA, que é o banco subscritor, a Morabi, Ernst & Young e o Banco Central.
Nesta linha, assegurou que o Governo está aberto para que mais instituições de micro finanças e instituições sociais que queiram também emitir obrigações, desde que cumpram com as normas e regras internacionais em matéria de governança, transparência e prestação de contas.
Na ocasião, reiterou que o Governo está a trabalhar em vários escalões, sendo que ao nível do plano de retoma existem soluções para os micro empresários com taxa de juro até 13%, existe uma linha de financiamento para instituições de micro finanças, com montante de cerca de 250 mil contos, e em parceria com o Banco Central de Cabo Verde estão a procurar soluções que visam o refinanciamento das instituições de micro finanças.
Por seu turno, o presidente do conselho de administração da BVCV, Miguel Monteiro, realçou a importância desta obrigação, uma vez que, indicou, “é a primeira emissão de títulos sustentáveis no País, a primeira de obrigações sociais no continente africano e a primeira social bond feita por uma instituição de microfinanças a nível mundial”.
“Estamos a trilhar um caminho novo, na realidade estudos indicam que lá fora cerca de 77% dos investidores institucionais pretendem deixar de financiar os instrumentos tradicionais para passar a investir exclusivamente em instrumento sustentáveis, ou seja social bond, green bond e blue bond”, referiu, afirmando que Cabo Verde não foge à regra.
Segundo disse, o valor global é de 100 mil contos para um período de dez anos, com uma taxa de juros de 4%, e vai permitir à Morabi repassar aos seus beneficiarmos melhores condições e fazer com que os cabo-verdianos tenham maior rentabilidade e possam retirar também muitas famílias da pobreza extrema.
Por outro lado, a presidente do conselho da direcção da Cooperativa de Poupança e Crédito (Morabi), Lina Gonçalves, disse que esta emissão vai ajudar a instituição a cumprir com sua missão social, a qual ficou “muito afectada” com a pandemia da covid-19.
Avançou que o sector teve uma perda de cerca de 70% das receitas com a concessão de moratórias aos seus clientes para que pudessem adiar o pagamento da amortização dos empréstimos e ajudar o alívio dos encargos familiares, em plena pandemia.
Neste momento, a Morabi tem uma média de 300 pedidos pendentes no valor de 40 mil contos, segundo a mesma fonte.
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