São Filipe, 16 Abr (Inforpress) – O presidente da câmara dos Mosteiros, Fábio Vieira, disse hoje que a maior ambição da edilidade local é elevar o café do Fogo a património imaterial municipal e trabalhar para que seja, posteriormente, classificado como património nacional.
Este posicionamento foi defendido por Fábio Vieira no quadro da edição da nona edição do festival do café que hoje termina na cidade de Igreja, depois de três dias de actividades.
“Estamos a trabalhar não só para promover a integração deste festival na agenda internacional de eventos ligados ao café, como também a sua elevação a Património Cultural Imaterial Municipal”, destacou Fábio Vieira, reconhecendo que ainda há muito trabalho pela frente, mas espera contar com o engajamento e a contribuição de todos.
O festival do Café do Fogo, segundo o edil, vem-se afirmando, ano após ano, como um dos momentos culturais mais altos da agenda cultural dos Mosteiros e se transformando num estratégico instrumento de promoção do café, um produto “sui generis” e de alto valor acrescentado para a economia local, sublinhando que se tem transformado num prestigioso espaço de diálogo, intercâmbio, partilha de conhecimentos, de experiências e boas práticas, dentro da cadeia de valor do café, mas também de promoção da música, do artesanato, da gastronomia e dos artistas, artesãos e demais criadores de arte nos Mosteiros.
“Este festival tem contribuído para criar e alargar as oportunidades de negócios e de geração de rendimentos a muitas famílias do município, directa e indirectamente”, pontuou Fábio Vieira, adiantando que a câmara municipal pretende transformar os eventos culturais em oportunidades concretas de geração de rendimentos, de criação de empregos sazonais e de crescimento económico.
“É estribado nesta visão e desígnio políticos que temos procurado moldar os nossos eventos culturais e recreativos, envolvendo, efectivamente, todos os actores locais e para que todos possam também tirar proveito das externalidades positivas que são produzidas”, advogou o edil, observando que há uma agenda de promoção do Café do Fogo, que integra, para além do festival e o Museu do Café, outras iniciativas, como a Rota do Café para promovermos os campos de cultivo e a instalação de um Centro de preparação do Café, que oferecerá cursos e oficinas para difundir o conhecimento sobre o preparo e a degustação desta bebida.
Durante o festival a câmara municipal homenageou duas dezenas de personalidades, algumas a titulo póstumo, pelo empenho, dedicação, amor e entrega às causas de desenvolvimento do município dos Mosteiros, mas também reconhecer o abnegado e prestigiado trabalho das muitas personalidades de diferentes gerações que, em condições difíceis e adversas, colocaram as primeiras pedras para a construção dos Mosteiros.
Por sua vez o presidente da Associação dos Produtores de Café, Sidónio Monteiro, considerou que a realização do festival é uma oportunidade para reunir produtores, proprietários, empresários, dirigentes políticos, especialistas, empresas e operários deste sector para momentos de partilha e de contactos, adiantando que a sua organização quer que o café do Fogo seja considerado Património Nacional e que o mesmo se posicione a património natural e cultural no futuro.
“Em tempo, a câmara com ousadia, confiança e visão, criou o Festival do Café que já é uma marca distintiva do município e é um exemplo de partilha entre a autarquia, a sociedade civil, a emigração e os amigos dos Mosteiros”, referiu o presidente da Associação dos Produtores de Café.
“Momentos houve em que pudemos constatar, como o nosso café, outrora condenado por muitos ao declínio, se não ao desaparecimento, operou uma pequena revolução. Longe de perder a vitalidade, o café do Fogo renascia e ganhava momentos de intensa renovação e de inserção nalguns nichos de mercados internacionais, como produto de qualidade. Infelizmente tudo foi sol de pouca dura”, desabafou Sidónio Monteiro, que apesar desses constrangimentos, apelou a todos a trabalharem na sensibilização dos proprietários, guardadores e apanhadores de café no sentido de renovar e expandir as plantações e os operadores turísticos no sentido de inserirmos a ilha do Fogo no circuito internacional.
“A nova geração de políticos do município não deve nunca, nas suas decisões deixar de ter sempre presente a história da cultura do café e os seus protagonistas”, referiu o presidente da associação, lembrando que Mosteiros, sobretudo as zonas altas, dispõe de condições climatéricas e ambientais de excepção, que podem e devem constituir motivos de atracção turística, mas também de gente com técnicas tradicionais de colheita e tratamento do café e que faz pensar o café não só como produto agrícola, mas como produto cultural.
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