Cidade da Praia, 28 Abr (Inforpress) – A missão médica dos Estados Unidos de América a Cabo Verde terminou hoje as cirurgias e consultas, em várias especialidades, nas ilhas de São Vicente, Santiago, Santo Antão e Fogo.
Em jeito de balanço dos trabalhos levados a cabo durante uma semana nessas quatro ilhas, o médico cirurgião e presidente da Associação dos Médicos Cabo-Verdianos Residentes nos Estados Unidos da América, Júlio Teixeira, disse que fizeram à volta de 100 cirurgias entre as ilhas de São Vicente e Santiago, sendo 50 em cada uma, além de mais de 500 consultas nas ilhas de Santo Antão e Fogo.
As áreas da oftalmologia, cardiologia, ortopedia, cirurgia plástica, laparoscópica, de cabeça e pescoço, pediatria, anestesia e enfermagem foram as especialidades contempladas durante esta missão.
“Foram 40 médicos, mas com grupos espalhados nas ilhas de São Vicente, Santiago, Santo Antão e Fogo, e realizaram cirurgias nos diferentes hospitais do País. Além dessas consultas e cirurgias fizemos também, durante esse tempo, workshops e simpósio”, afirmou a mesma fonte.
Segundo o cirurgião, os hospitais no País têm tido “muito progresso”, comparativamente a vinte anos atrás, e frisou que o acolhimento em Cabo Verde tem sido fantástico, o que contribuiu muito para a evolução do trabalho que a equipa tem feito.
Esta equipa médica regressa a Cabo Verde, pela segunda vez, conforme a mesma fonte a ideia é continuar a ajudar os hospitais oferecendo conhecimentos, informações e experiências, além de formar jovens nesta área.
Júlio Teixeira referiu que já contactou os ministérios da Educação e da Saúde, bem como as universidades, no sentido de criar uma escola de cirurgia, com uma mentalidade nova, com confiança, competência e que venha ser o espelho do futuro.
Este responsável pela missão médica dos EUA afirmou que esta troca de experiência serviu ainda como oportunidade única para os médicos cabo-verdianos, sobretudo na área de cirurgia, que muitas vezes têm muitas coisas complexas.
Por outro lado, disse durante o balanço, que uma das grandes lacunas registadas nesta missão, tem a ver com a “grande lista de espera” das pessoas que precisam ser evacuadas para Portugal e que, muitas vezes, demoram, o que tem contribuído para a complicação de saúde de muitos ao chegar tarde demais.
Apontou também que em Cabo Verde se pratica um sistema de evacuação informal, sobretudo nos EUA, através dos familiares e pessoas conhecidas.
“Tudo isso é uma actividade que precisa ser quantificada, identificada e documentada”, indicou Júlio Teixeira.
Com isto, sustentou que a ideia também é fazer uma escala de maneira que possam vir, frequentemente, para fazerem mais cirurgias, contribuindo assim para a diminuição da lista de espera de vários pacientes que estão a aguardar uma evacuação para Portugal.
Por sua vez, o director clínico do Hospital Universitário de Agostinho Neto, Victor Costa, fez um balanço positivo desta troca de experiência com esta missão, sublinhando que conseguiram atingir “todos os objectivos traçados”.
Esse responsável disse também que esta missão desempenhou um papel “muito importante” na medida em que trouxeram profissionais especialistas de várias áreas, no domínio cirúrgico, nomeadamente, nas áreas de cirurgias de pescoço e cabeça, laparoscópica, reconstrutiva, especialista da ortopedia, o que ajudou muito esse hospital.
“Resolvemos todos os casos para a intervenção cirúrgica com sucesso. Por isso, considero que foi muito positiva esta interacção e essa troca de experiências entre os especialistas de Cabo Verde com os desta missão”, enalteceu.
“O importante, para nós, não é apenas o número de casos resolvidos, mas precisamente os tipos de situações que ficaram resolvidas. E estamos a testemunhar, de facto, situações de intervenções cirúrgicas de pacientes que estariam na lista de evacuados, portanto foram resolvidos localmente com ajuda deles”, disse o director clínico.
Victor Costa mencionou também o facto dessa missão ter trazido actividades formativas para os médicos do País, em várias áreas, bem como os equipamentos e materiais que trouxeram, explicando que estes servirão, no futuro, para o desempenho das funções neste hospital.
DG/HF
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