Cidade da Praia, 03 Nov (Inforpress) – O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS) anunciou hoje que está prevista, para meados do próximo ano, uma missão empresarial cabo-verdiana à CEDEAO, em parceria com a sua congénere do Barlavento.
Jorge Spencer Lima fez este anúncio à margem da visita que o presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, Jean- Claude Kassi Brou, efectuou à CCISS, à frente de uma delegação da CEDEAO.
Spencer Lima destacou o facto de, pela primeira vez, um presidente da Comissão da CEDEAO visitar a casa do sector privado, o que, na sua perspectiva, “significa um avanço”, já que em Cabo Verde, diz ele: “em vez de avançarmos passamos a vida a recuar”.
“Agora, temos um recuo grande. Há 20 anos, tínhamos ligações diárias com o Senegal, chegando a ser duas vezes por dia”, indicou o presidente da CCISS, acrescentando que actualmente o número de voos reduziram-se para três por semana.
Segundo Spencer Lima, além de dificuldades em encontrar lugares nos voos, põe-se o problema de os aviões não disporem da capacidade de carga.
Congratula-se com o anúncio da TACV que vai retomar os voos para a capital senegalesa e, na sua perspectiva, isto vai “melhorar grandemente” a conexão aérea com o Senegal e, logo, com os restantes países da sub-região.
Crítico em relação à integração de Cabo Verde na CEDEAO, o presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento é de opinião que, para o país, a organização sub-regional tem sido “mais uma organização política do que outra coisa”.
“A CEDEAO não é uma organização de políticos. Trata-se de uma organização económica. É uma integração regional que significa circulação de pessoas e bens”, precisou Jorge Spencer Lima.
Segundo ele, se em relação à circulação de pessoas as coisas têm “funcionado bem”, embora com “alguns probleminhas aqui e acola”, já o mesmo não se pode dizer no que tange aos bens e apontou que até hoje Cabo Verde “não conseguiu exportar um alfinete sequer”.
“O nosso grande objectivo tem que ser no sentido de exportarmos para justificar a nossa pertença a esta comunidade (CEDEAO)”, indicou Spencer Lima.
Para ele, os bens oriundos de Cabo Verde não chegam aos mercados da CEDEAO a nado.
“Temos que ter aviões, navios e linhas fiáveis, além de barcos a preços competitivos”, acentuou o primeiro responsável da CCISS, lamentando o facto de já se ter vendido bilhetes de passagem aérea Fortaleza (Brasil) para Lisboa (Portugal) “mais barato do que Praia-Dacar (Senegal)”, que fica a pouco mais de 300 quilómetros do arquipélago.
Afirmou que ainda persiste alguma dificuldade quanto à plena integração do país na CEDEAO, mas congratulou-se com o facto de o actual Governo ter decidido criar o Ministério da Integração Regional, o que demonstra, conforme suas palavras, a “intenção política clara” de integrar.
“É um indicador que Cabo Verde quer integrar na CEDEAO”, conclui.
Para o presidente da Comissão da CEDEAO, a integração de Cabo Verde na comunidade só será efectiva quando começar a haver ligações áreas e marítimas entre o arquipélago e a região da África Ocidental.
Jean- Claude Kassi Brou manifestou o seu apoio à Câmara de Comércio de Sotavento na realização da “grande missão empresarial cabo-verdiana” a, pelo menos, sete países membros da CEDEAO.
“Consagrámos também a nossa visita a Cabo Verde ao sector privado”, afirmou o presidente da Comissão da CEDEAO, para quem os privados são “muito importantes” no desenvolvimento dos diversos sectores da economia, nomeadamente agricultura, indústria e serviços.
De acordo com Jean-Claude Kassi Brou, o presidente Jorge Spencer Lima manifestou à sua delegação o “engajamento total” da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços na cooperação entre o arquipélago e os países da CEDEAO.
Na sua opinião, existe um potencial muito grande que ainda está por explorar entre Estados membros da comunidade e Cabo Verde que, prossegue, tem um “potencial turístico impressionante”.
LC/ZS
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