Cidade da Praia, 09 Mai (Inforpress) – As conclusões preliminares da missão da equipa técnica do Fundo Monetário Internacional, divulgadas hoje, propõem ao conselho da administração do FMI o desbloqueamento de 6,08 milhões de dólares a Cabo Verde no quadro da facilidade de crédito alargado.
Os dados foram avançados à imprensa pelo chefe de missão do FMI para Cabo Verde, Justin Tyson, no balanço do término desta incumbência de nove dias, que serviu também para a instituição discutir com as autoridades nacionais a execução da agenda de reformas económicas do País, ao abrigo do Programa de Facilidade de Crédito Alargado (ECF, sigla inglesa), apoiado pelo Fundo.
A missão do FMI classificou de robusto o desempenho de Cabo Verde no quadro do programa, ressalvando que a economia recuperou fortemente em 2022, a ponto de registar um crescimento de 17,7 por cento (%), marcado pela descida do défice primário para 1,9% do PIB, pela diminuição da dívida em relação ao PIB, e melhoria da conta corrente.
Justin Tyson sublinhou, na sua comunicação, que “as reservas internacionais se mantiveram em níveis adequados à protecção da indexação ao Euro”, assegurando que “as autoridades utilizaram a política monetária e orçamental para apoiar a recuperação e atenuar os efeitos da crise sobre os mais vulneráveis”.
Em relação a 2023, o FMI aponta “para uma moderação do crescimento real do PIB para 4,4%, à medida que o crescimento das exportações se normaliza, prevê que a inflação seja de 5,2%”, face à descida dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares”, e projecta-se que o défice suba à medida que as exportações de bens e serviços estrangeiro abrandaram em relação aos níveis registados em 2022.
“O orçamento de 2023 parece estar no bom caminho, em linha com o programa sustentado pela ECF. O Banco de Cabo Verde (BCV) começou a adoptar medidas monetárias mais restritivas para reduzir o diferencial da taxa de juro com o Banco Central Europeu (BCE) e proteger a indexação”, realçou.
Perante este quadro, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças e do Fomento Empresarial, considerou de “muito positiva “esta avaliação do FMI, frisando que “Cabo Verde é uma floresta que está a crescer num contexto imprevisível”, mas que os dados são muito estimulantes e encorajadores.
Para Olavo Correia, isto demonstra que a economia está a recuperar-se bem, a capacidade de resiliência e de resposta do País, afiançando que neste contexto de policrise, só uma economia confiável pode ter crescido 7,0% em 2021 e 17,7% em 2022, ao mesmo tempo que classificou que o défice primário ao baixar para 1,9% do PIB demonstra o esforço em matéria de arrecadação de receitas, como no controlo das despesas públicas.
“Mas também, a dívida pública em relação ao PIB diminuiu. Estamos perante uma trajectória da redução da dívida pública em percentagem do PIB. Este é uma politica do Governo e o resultado de uma estratégica que estamos a implementar, precisamente para melhorarmos todo o quadro de governança e reforçar a confiança em Cabo Verde”, explicou.
Ainda assim, reconheceu que a inflação manteve-se elevada, com valores à volta de 7.9%, mas disse que quando comparado com a zona Euro e demais países africanos o desempenho é muito positivo, com perspectivas para os próximos anos de uma redução constante e permanente da inflação para voltar aos habituais dois por cento, no máximo.
Já o governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, afirmou que desde o ano passado já se previam que “a partir de 2022 seria um ano excepcional, o PIB cresceu em torno de 17,7% e as contas externas tiveram um desempenho muito positivo, o que permitiu que as reservas em termos de importação suportassem cerca de seis meses, uma margem confortável para a condução da política monetária.
De acordo com as conclusões preliminares da missão, a equipa irá elaborar um relatório que, após aprovação dos dirigentes, será apresentado ao Conselho Executivo para discussão e tomada de decisões.
SR/HF
Inforpress/Fim
