Ministro pede aos seus colaboradores para pensarem e gerirem a cultura para além do programa e orçamento do Governo 

Cidade da Praia, 05 Set (Inforpress) – O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas apelou hoje aos seus colaboradores a pensarem cultura para além do programa do Governo alegando que existem dinâmicas que não podem ser afectadas se o orçamento não for suficiente.

O acréscimo no orçamento do ano passado em 4 por cento (%), segundo Abraão Vicente, em declarações à imprensa após presidir o debate do Conselho de Ministério a decorrer num dos hotéis da capital do País, “não chega para dar vazão às expectativas” do ministério e para que este esteja mais presente na promoção da música cabo-verdiana a nível internacional.

“Não é suficiente para o financiamento de novas produções de músicas tradicional que claramente está em desvantagem da música popular; para continuarmos o projecto de reabilitação patrimonial que cada dia descobrimos patrimónios não só a nível religioso, mas também a nível nacional que precisam de uma intervenção, assim como para contratação de quadros que precisamos”, declarou, realçando ainda a necessidade da construção de um novo arquivo nacional.

Abraão Vicente que almeja ter mais dinheiro para cobrir todos os sectores que tutela e pediu aos seus colaboradores para gerirem bem o orçamento e avançou a existência de quatro programas para os próximos tempos para a promoção da música cabo-verdiana a nível internacional, como a existência de uma plataforma de internacionalização e a presença de artistas cabo-verdianos nos grandes festivais internacionais.

Do projecto a ser apresentado consta ainda a plataforma digital para promoção e agrupamento de tudo quanto for produção da cultura cabo-verdiana e um projecto para formação contínua através de intercâmbio cultural.

“Não chegamos a 1 % do aumento orçamental, assim como Portugal e Espanha, mas a escala desses países quando vemos o peso da cultura no Orçamento do Estado é brutal. É claro que temos de fazer essa nuance, mas vamos ter acesso a fundos do Banco Mundial e há um conjunto de projectos que temos conseguido fora do orçamento”, apontou.

Identificou os bustos de Pantera, Nácia Gomes e Bibinha Cabral como projetos concebidos fora do Orçamento do Estado.

Revelou também que, neste momento, o ministério não consegue financiar artistas e novos valores, assim como todo o financiamento da lista indicativo a património imaterial da humanidade e a património da humanidade está ainda sem financiamento a nível do Orçamento do Estado.

“A cultura, apesar do seu enorme potencial, não pode continuar a ser gerido com escassez de meios que notamos no momento de concretizar financiamentos e parcerias, que temos com os festivais nacionais”, denunciou Abraão Vicente.

Neste particular, avançou que o AME recebe 8 mil contos do Fundo do Turismo, o Kriol Jazz Festival recebeu este ano um milhão, o Summer Jazz recebe apoio, o Mindelact, o teatro, o festival de batuque, um conjunto de eventos que, no seu entender, não podem depender apenas do Orçamento do Estado.

Perante este cenário, o governante considerou que é preciso “dar o salto necessário” para a consolidação institucional e para a robustez do financiamento, apesar de admitir que a gerência é tranquila, mas que não permite projectar “grandes voos” para a cultura cabo-verdiana.

Alertou ainda aos seus colaboradores para “maior rigor” na gestão dos recursos, sublinhado que o Ministério da Cultura não pode funcionar como caixa dois para financiar os festivais.

“Isso tem de ser claro, temos 22 câmaras e 22 festivais e além disso agora estão a inventar festivais que não justificam e não compreendo como é que estes recursos são alavancados”, disse, realçando não se tratar de uma crítica, mas sim da necessidade de se saber gerir o recurso existente.

Lembrou que o Plano Nacional de Leitura continua a ser suportado pelo Ministério da Cultura quando se trata de um plano transversal e a necessidade de se consolidar a Academia Cesária Évora.

Neste âmbito, alertou que para dar o salto que se quer na promoção da música cabo-verdiana será preciso investimento que o orçamento, neste momento, não suporta, daí o projecto a ser apresentado num montante de “mais de um milhão de euros, nos próximos três anos”.

O Conselho de Ministério da Cultura e das Iniciativas Criativas, que contou com a presença de dirigentes e presidentes dos institutos e direções tem como propósito a análise do plano de atividades da tutela da cultura e das indústrias criativas e a projeção do ano de 2024.

PC/AA

Inforpress/Fim

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