Cidade da Praia, 23 Jun (Inforpress) – O Governo revelou hoje que cerca de 30 mil cabo-verdianos encontram-se em situação de insegurança alimentar e 107 mil sob pressão alimentar, fruto da fragilidade do País em termos de choques externos e da sua vulnerabilidade insular.
O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, revelou esta informação na abertura da reunião restrita do dispositivo regional de Prevenção e Gestão das Crises Alimentares (PREGEC) no Sahel e África Ocidental que decorre hoje e sexta-feira na Cidade da Praia, onde enalteceu os esforços de décadas de trabalhos conjuntos destas organizações na prevenção e gestão de crises alimentares na região.
Gilberto Silva destacou a “importância vital da disseminação e partilha de informações sobre a situação agrícola, alimentar e nutricional na região do Sahel”, para prevenir e mitigar os efeitos sobre as famílias africanas.
Relativamente a Cabo Verde, referiu que enquanto País fortemente ancorado na África Ocidental e “o mais saheliano dos sahelianos”, procura lutar muito mais para obtenção da água para a vida e que clama, actualmente, por uma atenção especial não só à população rural, mas, sobretudo, às zonas periurbanas das cidades cabo-verdianas, nesta nova conjuntura.
O governante lamentou que o arquipélago, enquanto um país de múltiplas e intrínsecas vulnerabilidade decorrente da sua situação de insularidade, passa por grandes vulnerabilidades aos choques externos e a conjuntura internacional e das catástrofes naturais.
A produção de dados fidedignos e a informação actualizada sobre a situação alimentar e nutricional das populações, considerou, são cruciais pois que a região do Sahel caracteriza-se, ainda, pela incidência de muitos factores que contribuem para os elevados riscos da insegurança alimentar.
Considerando que a maior parte dos países desta sub-região enfrentam a problemática da pobreza extrema e da insegurança alimentar, marcados por desafios titânicos da sua erradicação, o governante anunciou que dados recentes indicam que 38 milhões de pessoas nesta região poderão vir a sofrer com a falta de segurança alimentar entre Junho e Agosto.
As causas profundas da insegurança alimentar na região, atestou, prendem-se com factores múltiplos e intrincados que vão desde o fraco acesso à terra, ao capital produtivo, à fragilidade dos ecossistemas, ao fraco poder de compra, aos vários factores que se cruzam e se integram, agravados pelas crises conjunturais e internacionais
Organizada pelo CILSS e o Clube do Sahel, em parceria com o Ministério da Agricultura e Ambiente, a reunião surge no contexto do seguimento da situação alimentar e nutricional da região do Sahel e África Ocidental que este ano é realizado em Cabo Verde a 23 e 24 de Junho de 2022.
Pretende-se com esta iniciativa avaliar a situação alimentar e nutricional, examinar e partilhar os resultados das previsões agrometeorológicas para 2022 e preparar o seguimento da campanha 2022/23.
O dispositivo regional de prevenção e de gestão das crises alimentares, PREGEC, é referenciado como um instrumento, desenvolvido pelo CILSS, para apoiar os países membros na recolha, produção e tratamento das informações sobre a segurança alimentar e nutricional, visando a tomada de decisões no sentido de antecipar, prevenir e gerir as crises alimentares.
As informações produzidas pelo dispositivo PREGEC permitem não só a tomada de decisões concernentes à situação alimentar nos diferentes países, mas também fornecem informações à rede de prevenção das crises alimentares permitindo, desta forma, aos parceiros de desenvolvimento reagir atempadamente em caso de crise alimentar.
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