Mindelo, 17 Nov (Inforpress) – Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe buscam pontos comuns para um trabalho futuro de “forma articulada” e terem um programa para implementar actividades e obter opções de financiamento complementar do novo sistema de observação do tempo.
Quem o afirmou, hoje, em São Vicente, foi a administradora do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), Ester Brito, que informou que Cabo Verde foi um dos países contemplados pelo Mecanismo de Financiamento de Observação Sistemáticas (SOFF, na sigla em inglês), sediada na Organização Mundial da Meteorologia, mas unicamente orientado para os sistemas de observação do tempo.
É neste âmbito que esses países se encontram reunidos no Mindelo num workshop regional, integrado no programa da Cabo Verde Ocean Week (Semana dos Oceanos), que termina hoje, sobre os financiadores do novo sistema de observação do tempo, trocar experiências, passar alguma tecnologia de um país para outro e formalizar um programa ou um plano de implementação conjunta entre os pequenos Estados insulares do Atlântico.
Para além dos três países, a reunião do Mindelo recebe ainda patrocinadores e outros países envolvidos no processo, como Portugal e Reino dos Países Baixos, PNUD-São Tomé e Fundo das Nações Unidas para o Ambiente, entre outros.
Ester Brito informou que o novo sistema será implementado por fases, estando Cabo Verde neste momento na primeira fase de implementação, que é a preparação de documentos com o diagnóstico do seu sistema de observação e apresentar o que o país pode contribuir em dados observacionais para a melhoria das previsões numéricas, que dependem desses dados
“Isto porque o grau de acerto de qualquer modelo de previsão depende dos dados observacionais, e na nossa região temos uma falta enorme de dados, e é por isso que, às vezes, os modelos de previsão não acertam, principalmente no que diz respeito aos fenómenos de menor escala”, concretizou a administrador do INMG.
Nessa primeira fase, além de preparar esses documentos, que deverão ser aprovados pelo secretariado do sistema, o objectivo é também preparar o plano de investimentos, que Cabo Verde poderá beneficiar para fazer a manutenção, financiamento para uma eventual nova estação de observação e, nos anos seguintes, ter o financiamento para manutenção e continuidade dessas estações.
“Desejamos um trabalho futuro de forma articulada e ver se é possível ter um programa para implementar essas actividades, como uma plataforma regional, pois notamos neste workshop que esses países estão a caminhar em ritmos diferentes, ou seja, Cabo Verde está um pouco avançado e São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau estão praticamente no início, e se formos fazer as actividades conjuntas Cabo Verde pode sair prejudicado”, elucidou Ester Brito.
Daí, continuou, ser preciso ver o que se pode fazer em conjunto, sem que seja perturbado o ritmo de implementação do processo em cada um dos países.
“As actividades prioritárias seriam a capacitação/formação do pessoal, de acordo com as necessidades que forem identificadas nos vários países”, observou a mesma fonte, mas, perspectivou, no caso de Cabo Verde “estamos a insistir na parte da observação em altitude, ou seja, realização das sondagens, que não fazemos há cinco anos, uma actividade que nos dá resultados importantes, não só para as previsões no seguimento dos sistemas, como também para a aeronáutica”.
A administradora do INMG, além de indicar a capacitação técnica como uma das principais necessidades do país, assinalou também a capacitação do pessoal nessa área, bem como dos novos sistemas de comunicação utilizados para a disseminação dos dados de observação e na preparação das informações.
Ainda no âmbito da CVOW, o Instituto do Mar (IMar) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) rubricaram um protocolo para fomentar e reforçar o desenvolvimento de relações de cooperação bilateral nas áreas de actuação dos dois institutos, promovendo sobretudo, a gestão sustentável dos oceanos, incluindo a sua interligação com a zona costeira, privilegiando a concertação no plano internacional, a cooperação técnico-científica, partilha de conhecimento e o desenvolvimento de capacidades institucionais e de recursos humanos.
AA/ZS
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