Manuel Brito Semedo diz que “estatização e ministerialização” da cultura sufocam as actividades da sociedade civil

Cidade da Praia, 20 Dez (Inforpress) – O autor da colecção “Morna: Música Rainha de Nôs Terra” (5 livros + CD), Manuel Brito Semedo, disse hoje que a “ministerialização” da cultura sufoca as actividades da sociedade civil, que “há muito” trabalha na salvaguarda da morna.

“A sociedade civil já há muito que anda a fazer a salvaguarda da morna. Tanto é que tem havido, nesses dias, uma série de actividades por iniciativa da sociedade”, demonstrou, receando que a sociedade civil perca espaços para fazer mais coisas do tipo.

O antropólogo falava aos jornalistas, na cidade da Praia, à margem de uma conversa aberta sobre a “Importância da salvaguarda da Morna, a expressão musical que melhor define o percurso e a alma do povo cabo-verdiano”, promovida pelo jornal “Expresso das Ilhas”, em parceria com Manuel Brito Semedo, a editora “A Bela e o Monstro” e o Instituto de Promoção Cultural.

A iniciativa tem como objectivo assinalar a consagração da Morna como Património Cultural da Humanidade.

Conforme Brito Semedo, quem observou que a “estatização e ministerialização da cultura” sufocam as actividades da sociedade civil, a população tem que estar “suficientemente forte e inteligente” para continuar a seguir o seu caminho, independentemente dos poderes públicos.

Sobre a colectânea “Morna: Música Rainha de Nôs Terra”, o autor explicou que o projecto traça um percurso da morna, numa sincronia entre som e textos “bem elaborados”, tendo as músicas sido organizadas por período cronológico.

“Isto é, de facto, um presente para a sociedade cabo-verdiana. É um orgulho fazer um trabalho desse neste contexto em que a morna já é consagrada património da humanidade”, adiantou.

Instado sobre o futuro da salvaguarda da morna que já é património da humanidade, o antropólogo respondeu nesses termos:

“Sobre o futuro que já é hoje, mas que já deveria ter sido ontem, em termos da promoção e da preservação da morna, existe um plano, que, a meu ver, já deveria ter sido implementado.

Para o investigador, quem considerou que agora se está a viver numa febre da morna e celebração, a cultura cabo-verdiana não é só este género musical. Neste sentido, defendeu um outro componente “muito importante” que é o livro.

“Apesar de se falar do festival literário, que na verdade não é isto, eu quero ver o livro no centro da execução da política cultural de Cabo Verde, através de estímulos à produção e facilitação do acesso”, enfatizou.

O mesmo identificou outros aspectos que poderão ser vistos, nomeadamente a multimédia, uma vez que, no seu entender, “não é só patrocinar um filme, mas tem que haver toda uma política bem desenhada sobre o audiovisual”.

WM/JMV

Inforpress/Fim

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