Nações Unidas, 27 Jan (Inforpress) – O líder da missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Mali (Minusma), El-Ghassim Wane, afirmou hoje que apenas 60% dos recursos necessários para apoio ao processo eleitoral do país foram mobilizados e pediu mais doações.
Numa reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no Mali, Wane recordou que o país africano está a entrar “num ano crítico no caminho para o retorno à ordem constitucional”, com um referendo agendado para Março deste ano, após ter sido palco de dois golpes militares, um em Agosto de 2020 e outro em Maio de 2021.
“O Mali está a menos de dois meses do referendo constitucional que marcará a primeira de uma série de eleições que deverão culminar com a restauração da ordem constitucional em Março de 2024. As autoridades malianas continuam a demonstrar o compromisso de realizar essas eleições a tempo”, disse o líder da Minusma perante o corpo diplomático.
No entanto, segundo Wane, permanecem vários desafios que poderão determinar a trajetória do processo eleitoral, dando ênfase à questão do subfinanciamento.
“Temos a questão da disponibilidade dos recursos financeiros e logísticos necessários. Até ao momento, apenas 60% dos recursos necessários para o fundo para apoio eleitoral da ONU foram mobilizados. Encorajo os parceiros internacionais a aumentarem o seu apoio ao Mali neste esforço crucial”, instou.
Em relação ao apoio técnico e logístico, Wane assegurou que a Minusma – em colaboração com equipas da ONU – tem em curso várias medidas para aumentar esse apoio.
Entre os vários desafios impostos ao processo eleitoral, Wane indicou que está em causa a plena operacionalização da Autoridade Independente de Gestão Eleitoral, que requer o estabelecimento de delegações locais em todo o país, bem como a finalização do processo de revisão constitucional em curso.
Entretanto, uma série de consultas aos partidos políticos e à sociedade civil foram convocadas pelas autoridades de transição para discutir vários aspetos da preparação do referendo constitucional e outras eleições.
“Essas iniciativas devem ser incentivadas e apoiadas, pois a inclusão e o consenso são cruciais para o sucesso geral do processo de transição”, frisou o chefe da missão da ONU no Mali, manifestando ainda preocupação com a volátil situação de segurança no país, que poderá afetar todas as etapas do ciclo eleitoral.
O Mali, com a presença de grupos leais aos radicais do Estado Islâmico e à Al-Qaida, sofre de um elevado nível de insegurança, principalmente no centro e norte do país, com numerosos ataques terroristas que causam mortes e deslocações forçadas de pessoas.
O país é governado por uma junta militar liderada pelo coronel Assimi Goita, que se recusou a convocar eleições em fevereiro passado, como acordado, e defende a sua realização no próximo ano.
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