Cidade da Praia, 24 Mar (Inforpress) – A Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI) pediu hoje ao primeiro-ministro que abandone, “neste momento tão difícil”, a “lógica da propaganda e do triunfalismo” e que dialogue com os jovens e suas organizações representativas.
Em conferência de imprensa para fazer o balanço de uma reunião do Conselho Nacional da JPAI que aconteceu no último domingo, o porta-voz deste órgão, Euclides Gonçalves, começou por dizer que aquela organização reprova a actual governação de Ulisses Correia e Silva e do Movimento para a Democracia (MpD), uma vez que “a situação actual da juventude cabo-verdiana é dramática”.
“O MpD e o Ulisses Correia e Silva criaram elevadas expectativas de melhoria substancial das condições de vida no País, principalmente para os jovens, através da resolução fácil dos problemas estruturais de Cabo Verde. A promessa feita aos jovens cabo-verdianos está muito longe de ser cumprida. Os jovens continuam a ser particularmente tocados pelo desemprego”, disse.
Euclides Gonçalves prosseguiu afirmando que esta tendência é a prova da “falácia” da propaganda política de que o MpD e o seu Governo tinham encontrado a fórmula mágica para o desemprego no seio da camada jovem com formação.
“O grosso da oferta de trabalho para a nossa juventude consiste nos empregos precários, sazonais, não qualificados, informais, com baixos salários e fraca protecção social. Um quadro laboral precário oferecido aos jovens cujas famílias investiram numa formação técnico-profissional, superior e até altamente qualificada, na expectativa de um emprego digno e justamente remunerado”, acrescentou.
Ainda nas suas declarações, Gonçalves referiu que a juventude tem sido a principal vítima da “excessiva partidarização” do Estado pelo partido no poder, acrescentando que alguns dos jovens que ganham alguma oportunidade, “são a minoria partidária, com laços familiares com dirigentes do MpD, que defendem a todo custo Ulisses Correia e Silva e o Governo do MpD” e que “a maioria esmagadora, encontra cerradas as portas de acesso a funções para as quais têm perfil e competências”.
“Não vale a pena pedir aos jovens para não emigrarem sem que sejam criadas reais e verdadeiras condições e alternativas para continuarem a acreditar no futuro destas ilhas. Os jovens cabo-verdianos, e hoje uma grande maioria quadros altamente especializados, estão a abandonar Cabo Verde, porque o País vai numa direcção errada e para não dizer sem rumo”, frisou lamentando “a ausência de políticas públicas e a clara falta de uma estratégia real de inclusão dos jovens da diáspora no processo desenvolvimento de Cabo Verde”.
Segundo disse, actualmente, o acesso e a sustentabilidade do Ensino Superior em Cabo Verde estão em risco e o Governo tem estado “muito aquém” daquilo que são as suas responsabilidades nesta matéria.
“O Governo do MpD e do Ulisses Correia e Silva falharam em toda linha em matéria de políticas públicas para Habitação Jovem que, com a actual governação, deixaram simplesmente de existir. Para um jovem cabo-verdiano, hoje realizar o sonho de ter a sua casa própria tornou-se uma verdadeira miragem”, denunciou.
O Conselho Nacional da JPAI mostrou ainda, segundo Euclides Gonçalves, “apreensão com a elevada taxa de reincidência criminal que afecta o País, em particular no seio jovem”, mas reconheceu, ao mesmo tempo, que esta questão representa uma “responsabilidade partilhada”, cabendo ao Governo implementar políticas fortes e robustas.
“Os tempos são difíceis, as incertezas são grandes. Pois é este o tempo para o Sr. Primeiro-Ministro e seu Governo compreenderam que a Juventude cabo-verdiana é parte da solução e quer poder participar na busca de soluções e aceder às oportunidades existentes no mercado público e privado de forma equitativa e justa”, concluiu.
GSF/HF
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