Cidade da Praia, 13 Mai (Inforpress) – O presidente da Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI), Fidel Cardoso de Pina, considerou hoje que tem havido “desleixo e descaso”, por parte do Governo, na gestão das infra-estruturas desportivas do País.
A observação foi feita em conferência de imprensa para abordar a questão da recente interdição, por indicação da CAF, do Estádio Adérito Sena, no Mindelo, em São Vicente e do Estádio Nacional, na Praia.
A inspecção técnica da Confederação Africana de Futebol (CAF) interditou o Estádio Adérito Sena para jogos internacionais, pelo que a selecção cabo-verdiana terá de iniciar os jogos de qualificação para o CAN’2023 fora de portas.
À esta decisão junta-se a interdição, no ano passado, do Estádio Nacional em Achada de São Filipe, na Cidade da Praia, por falta de certificação do relvado, pelo que Cabo Verde está sem estádios para acolher os jogos internacionais.
Esses factos, segundo o líder da JPAI, testemunha um “grande retrocesso” em matéria de políticas para o desporto cabo-verdiano.
No entanto disse estranhar o facto de só agora o Governo, “que sabia da situação há dois anos”, decide, por ajuste directo, para realizar as obras de substituição do relvado e de colocação de equipamentos no Estádio Nacional.
“Esta atitude leva-nos a questionar se há uma estratégia do Governo para beneficiar grupos bem identificados”, observou Fidel Cardoso de Pina, perguntando qual é a empresa a ser beneficiada com o ajuste directo.
“Novamente assistimos a um processo de total intransparência, quando poderia ter lançado um concurso público há cerca de dois anos para o efeito”, notou o dirigente do PAICV, precisando que desde Fevereiro de 2020, o Governo tinha conhecimento dos problemas do Estádio Nacional.
Em relação ao Estádio Adérito Sena, referiu salvo o relvado, esta infra-estrutura desportiva no seu todo não cumpria com todos os requisitos exigidos pela CAF.
“Mas como se encontrava em obras, o Governo prometeu cumprir com os mesmos, e por esta razão houve anuência das autoridades competentes, que acreditaram na nossa boa fé”, esclareceu.
Entretanto, Fidel Cardoso de Pina disse duvidar se, em Setembro, para os jogos da terceira jornada de apuramento para o CAN’2023, o Estádio Nacional estará com a certificação.
“É de lamentar está gestão amadora do nosso desporto, que afecta negativamente a confiança dos atletas dos desportistas, dos investidores e de toda a comunicação desportiva”, concluiu.
A selecção de Cabo Verde, de acordo com a calendarização, inicia a sua caminhada de apuramento para o CAN’2023 a 03 de Junho, fora de casa, ante o Burkina Faso, país que também terá de jogar fora de portas (nos Marrocos) porquanto também tem estádios interditados.
No dia 07 de Junho, Cabo Verde recebe o Togo, também em Marrocos (casa emprestada), o que segundo o presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), Mário Semedo, “será mais fácil em termos logísticos”.
Cabo Verde partilha o Grupo B com as congéneres do Burkina Faso, do Togo e da Eswatini (antiga Suazilândia).
De acordo com o regulamento, qualificam-se para a fase final do CAN’2023, a ser disputada de 23 de Junho a 23 de Julho na Costa do Marfim, as duas primeiras equipas classificadas de cada grupo.
O CAN’2023 vai contar com a participação de 24 selecções africanas.
Cabo Verde vai tentar a sua quarta participação numa fase final do CAN, depois das presenças em 2013, na África do Sul, 2015 na Guiné Equatorial e em 2021 nos Camarões.
OM/HF
Inforpress/ Fim