Cidade da Praia, 28 Mai (Inforpress)- O presidente da Assembleia Nacional defendeu hoje a necessidade de um “debate profundo” para analisar quais são as vantagens e desvantagens da integração de Cabo Verde na União Económica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA).
O repto foi lançado por Jorge Santos, hoje, na Cidade da Praia, momentos antes de presidir à abertura do debate sobre “A CEDEAO e os Desafios da Integração Regional: Modelos, Dinâmicas e Perspectivas”, promovido pela Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), no âmbito da 1ª Semana da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que decorre desde o dia 20 e prolonga-se até 31 deste mês.
Segundo o presidente da Assembleia Nacional, neste momento Cabo Verde está a posicionar-se em relação a este projecto que, ao seu ver, exige uma “reflexão profunda e análise muito criteriosa” decorrente da especificidade do próprio país, lembrando que o estatuto da CEDEAO permite que o arquipélago defenda os seus interesses.
Para Jorge Santos, é uma questão “muito importante que requer clarificar as vantagens e desvantagens”, destacando que a economia cabo-verdiana está ancorada ao espaço europeu, onde o nível de trocas comerciais é superior a 80 por cento (%), para além do facto de 90 por cento (%) do fluxo turístico tem proveniência europeia.
O presidente, que reconheceu que Cabo Verde ainda não ratificou muitos acordos, sublinhou que a integração regional na sub-região oeste africana e no continente é um desafio e uma visão nacional, sendo que existem grandes oportunidades, mas elas dependem, do conteúdo que o arquipélago vai imprimir no processo de integração.
Para o chefe da casa parlamentar, é preciso analisar ao pormenor as vantagens comparativas e competitivas em relação à estabilidade, à previsibilidade, forças das instituições, o ambiente da democracia e de liberdade que, ao seu entender, são elementos que podem ser utilizados para transformar Cabo Verde numa plataforma de circulação no Atlântico Médio como úteis para a inserção da dinâmica do arquipélago no sistema económico mundial.
Para tal, defendeu que é prioridade desenvolver actividades adequadas e intensas a nível da diplomacia, visando mobilizar parcerias regionais para fazer de Cabo Verde uma plataforma distribuidora de tráfego aéreo e marítimo ao serviço da integração e do desenvolvimento regional e da inserção da região oeste africana no sistema económico mundial.
Poro outro lado, assegurou que há necessidade de incrementar a capacidade de diagnóstico do país para recolha e tratamento atempadas de informações estratégicas, visando o conhecimento e tomada de decisões rápidas e correctas.
“A nossa postura face ao continente e à sub-região oeste africana é “fortemente influenciada pelo medo”, medo esse, segundo Jorge Santos, “ditado por um certo preconceito que nos foi transmitido e que de forma irreflectida incorporamos no medo do desconhecido, medo do aparentemente diferente”, sublinhou.
A CEDEAO completa hoje, 28, 43 anos de existência. Desde a sua criação pelo Tratado de Lagos, a instituição vem experimentando diversas situações caracterizadas por avanços e recuos no que tange ao seu processo de fortalecimento e consolidação da integração regional.
No âmbito da 1ª Semana da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Uni-CV promove ainda várias actividades de cariz académico, carácter sócio-recreativo, envolvendo aspectos sociais e culturais dos estados-membros.
Cabo Verde aderiu à CEDEAO em 1976.
AV/JMV
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