Cidade da Praia, 29 Nov (Inforpress) – Investigadores dos PALOP irão elaborar a história da luta de libertação dos mesmos para as futuras gerações, informou hoje o presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC), referindo que o projecto tem a duração de três anos.
Em declarações à imprensa, à margem da segunda reunião metodológica das comissões de trabalho para a elaboração da história da luta de libertação dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP), realizada pela Fundação Amílcar Cabral, o presidente da referida fundação, Pedro Pires, adiantou que o projeto HLL-PALOP conta com o financiamento inicial do Presidente da Angola, João Lourenço.
Destacou a importância da elaboração da história objectiva com sentido e significado a aquilo que de liberdade fizeram e, ao mesmo tempo, perspectivar a história que terá continuidade mesmo com o passar dos anos.
“Portanto, é uma ideia de narrar, contar, mas ao mesmo tempo de fixar os aspectos mais importantes do nosso percurso como povo e combatentes da liberdade para fixar e apresentar para as próximas gerações. O projecto já arrancou, temos estado a trabalhar já há mais de seis meses na organização desses trabalhos”, asseverou.
Apesar dos trabalhos terem iniciados e com financiamento inicial, o referido projecto, adiantou Pedro Pires, carece de mais financiamentos e que provavelmente será necessário envolver mais historiadores da temática da libertação, visando a sua conclusão
“Temos uma equipa em Cabo Verde constituída por três historiadores, em Angola temos mais historiadores, em São Tomé estão presentes aqui três historiadores, a Guiné temos dois historiadores (…), as equipas já estão constituídas e estamos com alguma dificuldade com a equipa Moçambicana”, especificou.
“Os trabalhos já começaram, talvez não com aquele ritmo que gostaríamos que tivesse, mas os trabalhos há começaram”, precisou, lembrando que a decisão da criação da equipa para a elaboração dessa história foi aprovada por unanimidade na conferência extraordinária dos chefes de Estado dos PALOP, em Abril de 2021.
Para o resgate dessa memória recorrer-se-á, igualmente, à recolha de documentação existente nos vários arquivos, seja das instituições portuguesas, sobretudo dos arquivos da polícia política, como nos espólios de famílias, dos arquivos das organizações partidárias e dos arquivos pessoais dos vários protagonistas que participaram activamente na defesa da causa comum da libertação.
A produção historiográfica disponível sobre esta temática, apesar de algumas iniciativas nacionais e regionais, sobretudo dos centros universitários, ainda é escassa, com a agravante de uma parte significativa da produção dada a estampa se revelar manifestamente tendenciosa, criando um viés histórico que convém ser devidamente esclarecido.
Perspectiva-se com o projecto a publicação de três volumes da História sobre a Luta de Libertação Nacional dos PALOP, devendo o 1°. volume abarcar o período que vai dos meados do séc. XIX aos meados do séc. XX.
O 2°. volume será dedicado à Luta Armada propriamente dita, nas suas vertentes clandestina, armada e diplomática, enquanto o 3°. volume deverá ser dedicado à história da gestão das zonas libertadas pelos movimentos que conduziram a luta pela independência dos PALOP.
A primeira reunião metodológica das comissões de trabalho foi realizada em Luanda (Angola), no passado mês de Março.
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