Ilha do Sal: “Temos situações não de pobreza, mas de extrema miséria na ilha” – deputado PAICV

Espargos, 06 Jun (Inforpress) – O deputado nacional do PAICV (oposição) pelo círculo do Sal, Démis Almeida, afirmou hoje que a ilha tem situações não de pobreza, mas de “extrema miséria”, e apela uma atenção especial do Governo às ilhas turísticas.

“Gostaríamos de apelar ao Governo, que tem esse objectivo de erradicar a pobreza extrema, que dê uma atenção especial a essas ilhas turísticas, a esta ilha que também tem o sector da aeronáutica civil muito afectado pela crise, e que está a enfrentar momentos muito difíceis”.

Démis Almeida fez essas considerações durante uma conferência de imprensa para fazer o balanço da sua visita ao círculo do Sal, realizada na passada semana, focada no processo de concessão dos aeroportos nacionais ao Grupo Vinci Airports, e à situação social vigente na ilha.

Baseando-se nas declarações de retoma económica que se vem apregoando, Démis Almeida disse que há que ter “muito cuidado” com esse discurso, porque pode-se passar a ideia de que se está a aproximar da situação antes da pandemia.

“O que não é verdade. A nossa economia local conheceu algum reanimar, é verdade, com o Inverno europeu, mas neste momento, regressamos à situação de época baixa. Há muita gente no desemprego, muitos jovens, muitas mulheres chefes de família… Há uma situação de uma efectiva quebra do rendimento das famílias”, sublinhou.

Por outro lado, tendo visitado os bairros da cintura norte da cidade dos Espargos, os “bairros de papelão”, conforme acentuou, Démis Almeida disse ter constatado que, de facto, a ilha do Sal tem situações não de pobreza, mas de “extrema miséria”, que reclama a intervenção das autoridades municipais e nacionais.

“Urgentemente, não só em termos de criação de postos de trabalho, mas também em termos de políticas sociais, de intervenção social”, frisou.
Démis Almeida disse ter constatado, ainda nestes bairros, uma “grande revolta, generalizada”, relativamente aos critérios de selecção das pessoas para serem contempladas com casas sociais.

“As pessoas que vivem nesses bairros há muitos anos, com membros da família portadores de deficiência, com doentes crónicos, com graves dificuldades, não são selecionadas… e entendem que os critérios não são justos”, referiu, considerando, desta feita, a necessidade de se tornar público esses critérios de selecção para que haja “maior transparência” neste processo.

“Isso para além do atraso, manifesto, da atribuição das casas sociais. Ainda existem muitas casas sociais, nomeadamente do Casa para Todos, fechadas, e há muitas famílias que continuam numa situação de extrema pobreza, extrema precariedade, a viver em situações de verdadeira indignidade habitacional”, reiterou a mesma fonte.

SC/JMV
Inforpress/Fim

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