Ilha do Sal: Salenses “preocupados” com companhia de bandeira “nas mãos de um privado”

 

Espargos, 29 Mai (Inforpress) – Salenses contactados pela agência Inforpress manifestam-se “cépticos e preocupados” com a medida do Governo que coloca a “companhia aérea de bandeira” (TACV), nas “mãos de um privado”, matéria, aliás, que esteve hoje em debate no parlamento.

“Ver a nossa companhia aérea, a única que temos, sair do circuito desta forma (…) deixa qualquer um preocupado, naturalmente, e isso não é novidade, que a empresa vinha passando por algumas ou muitas dificuldades financeiras há muitos anos, mas não acredito que não houvesse nenhuma outra solução que não fosse essa”, exterioriza Valéria Santos, estudante de doutoramento.

Dando o benefício da dúvida, outros entendem, entretanto, ser cedo ainda para tirar qualquer ilação, muito embora esta medida do Governo “não ter caído”, conforme dizem, no agrado na maioria das pessoas.

Lembrando que em plena campanha, Ulisses Correia e Silva, agora primeiro-ministro, garantira que iria fazer de tudo para manter a companhia cabo-verdiana, a maior parte dos interlocutores dizem-se decepcionados, considerando a decisão do Governo um “balde de água fria” nos cabo-verdianos.

“Os cabo-verdianos estão descontentes. Afinal, na campanha eleitoral, Ulisses fez o seu discurso político, um discurso conveniente, na altura, como qualquer outro político faria, claro com a finalidade de angariar votos, sem pensar na expectativa do povo”, declararam Fernanda Dias e Francisco Rocha.

Estes dizem ter uma opinião formada sobre a situação, pelo que não lhes agrada nada “ver o mercado interno nas mãos de uma companhia estrangeira”, já que accionista maioritário em detrimento do Governo de Cabo Verde que passa a deter apenas 49 por cento das acções.

“Por mais dificuldades e complicações que os TACV estivessem a passar, essa não era a melhor saída. Agora é ver para crer, esperar para sofrer (… ) seja lá o que for. Mas os próximos tempos não auguram bons voos”, prognosticam.

Outros ainda considerando tratar-se de uma medida “extremamente complicada”, julgam ser, entretanto, acertada, já que nos últimos tempos, segundo informações que dispõem, os TACV “só vinham dando prejuízos, levando o Governo a injectar, mensalmente, cerca de 300 mil contos”.

“Isso, naturalmente, é inconcebível numa empresa que poderia estar a gerar lucro e não o contrário. O volume de dinheiro injectado mensalmente nos TACV poderia ser aplicado na resolução de outros problemas, nomeadamente na área da saúde, educação…”, palpitam.

Porém o futuro dirá, já que, conforme dizem, decisões do género foram igualmente tomadas em várias outras paragens do mundo como Estados Unidos da América, Itália e outros países de África, em que também as chamadas companhias de bandeiras deixaram de existir, mas o povo e o país “saíram a ganhar”.

Por outro lado, tomando conhecimento das decisões do Governo, relativamente à reestruturação do sector dos transportes aéreos e da privatização da transportadora aérea nacional, os TACV, a Câmara do Turismo de Cabo Verde reagiu hoje em comunicado de imprensa, sublinhando que a intenção do Governo em seleccionar um parceiro estrangeiro foi uma decisão de “grande alcance, com positivos e inquestionáveis efeitos” no turismo e que, por isso, merece “aplausos” da instituição.

SC/AA

Inforpress/Fim

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