Ilha do Sal: Mulher que sofreu VBG conta história e aconselha classe feminina a estar atenta aos sinais

Espargos, 25 Nov (Inforpress) – Uma jovem mulher que passou por tormentos de Violência Baseada no Género (VBG) conta a sua história e aconselha a classe feminina, casadas e solteiras, a estar atenta aos primeiros sinais de agressão, verbal e física.

Hoje, 25 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, tendo Madalena Mendes (nome fictício), quando abordada pela Inforpress, disponibilizado para contar a sua história, de muito “sofrimento e angústia”, para que seu testemunho sirva de alerta às mulheres, e não admitirem “abusos e sovas” do marido, namorado ou companheiro, em nome do amor.

Actualmente, com 48 anos, Madalena disse ter vivido um casamento de dez anos com o marido, dois anos mais novo que ela, em que o “conto de fadas” tornou-se um “inferno”.

“Até hoje, depois de ganhar coragem e me ter separado dele, não sei explicar, porque razão ele se transformou num homem violento, egoísta, prepotente e mau. E eu fui sempre submissa, fazendo-lhe as vontades, cumprindo as regras de boa esposa e dona de casa, mas sentia-me injuriada e mal-amada”, conta com visível tristeza no olhar.

Mostrando as marcas deixadas no seu corpo, provocadas por cintadas, chicote (o conhecido bargalho de boi), fio de luz, conforme conta, Madalena, ao recuar no tempo, deixa escapar lágrimas, não de saudades, mas de raiva, conforme narrou, por ter aguentado esse sofrimento durante muito tempo.

“Eu sou uma mulher independente, mas não me via a viver sem este homem. Gritava-me, chamava-me nomes (…). Aguentava tudo, porque amava-o, mas um belo dia este sentimento transformou-se em ódio, um mau sentimento, sei…que, entretanto, ajudou-me a sair desta relação, antes que fizesse asneiras”, lembrou.

O que aqui Madalena deixa registado, não é nem metade da vida “torturada” que viveu com o ex-marido, pelo que, considerando ter conselhos para dar, exorta as mulheres, as que estão a passar por esta “amarga” experiência, a pôr fim na relação, que conforme disse, pode terminar em tragédia, e as que nunca passaram por isso, a não admitirem que o marido ou companheiro levante a voz com palavras injuriosas, muito menos levantar a mão para uma bofetada ou chicotada.

“Eu fui apanhando calada. Já não era esposa, não passava de uma empregada para todos os serviços. Mentia aos meus pais e irmãos. Caía na escada, caía na banheira… oh tantas quedas que eu dei”, conta em tom de ironia.

Mas como toda a causa tem efeito, Manuela tomou coragem, queixou-se “definitivamente” do marido, que ainda está preso, a cumprir pena.

No final da nossa conversa deixa um apelo no sentido de as mulheres se verem todos os dias ao espelho, ter autoestima, e gostar de si mesma.

No dia 25 de Novembro comemora-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. A data foi escolhida para homenagear as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), dominicanas que ficaram conhecidas como Las Mariposas e se opuseram à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo sendo assassinadas em 25 de Novembro de 1960.

A Organização Mundial de Saúde define a violência contra a mulher como todo acto de violência baseado no gênero que tem como resultado o dano físico, sexual, psicológico, incluindo ameaças, coerção e privação arbitrária da liberdade, seja na vida pública seja na vida privada.

SC/DR

Inforpress/Fim

 

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