Ilha do Sal/Literatura: Conferência “As elites literárias cabo-verdianas e a literatura-mundo” com “forte presença” de alunos

Espargos, 23 Jun (Inforpress) – Alunos do ensino secundário marcaram “forte presença” na conferência “As elites literárias cabo-verdianas e a literatura-mundo: diálogos e intertextualidade”, realizada no âmbito da segunda edição do Festival Literatura-Mundo, que decorre no Sal há três dias.

O painel que teve como conferencistas Manuel Brito Semedo e Simone Caputo Gomes, na qualidade de debatedora, propôs um percurso diacrónico da literatura cabo-verdiana, tendo numa primeira fase o foco em África e Europa, provocando uma discussão à volta do tema, mostrando que Cabo Verde, por ser um ponto de referência no mundo, estabelece pontes entre o Atlântico Norte e o Atlântico Sul, entre a cultura africana e a europeia.

“Nós, sem sabermos e sem termos esse conceito, já fazíamos uma literatura olhando para o mundo. É a latitude e a longitude de Cabo Verde que nos faz ser diferentes dos outros”, disse Brito Semedo, concluindo a sua exposição dando exemplo de um livro de Germano Almeida, o novo Prémio Camões, intitulado “Do Monte Cara vê-se o mundo”.

Enquanto participante desta festa literária, Brito Semedo, para quem a II edição do Festival de Literatura-Mundo está a ser uma chamada de atenção para a importância de Cabo Verde na literatura, de os outros “olharem para nós”, espera que deste ponto de vista o mundo olhe para Cabo Verde “como diferentes”.

“Isso que nós queremos contribuir. Fazer uma literatura local mas ao mesmo tempo uma visão global. Tem que haver quantidade, alargamento, mercado e divulgação entre nós. Que a literatura cabo-verdiana seja, de facto, uma literatura nacional para ser reconhecida em termos de quantidade e qualidade, como literatura do mundo”, reiterou.

De seguida, a assistência pôde observar a primeira mesa redonda do festival literário composta pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, Julian Fuks, convidado que vem do Brasil, Manuel Halpern, jornalista português, Viviane Trindade, doutoranda em literaturas de língua portuguesa, quadro moderado por Clara Rio, directora da Casa Fernando Pessoa, Portugal, versando o tema “Literatura nacional e/ou literatura universal”.

Este painel propôs falar um pouco sobre as respectivas obras, nomeadamente “Albergue Espanhol”, de Jorge Carlos Fonseca, “A resistência”, de Julian Fuks, e “20 anos de Crónica”, de Manuel Halpern.

Viviane que se distingue dos outros participantes por não ser autora de poesia nem de ficção, porém, enquanto investigadora, participa na mesa temática com uma abordagem em literatura indígena.

A presença dos alunos do 10º e 9º ano do Liceu Olavo Moniz, do Complexo Educativo de Santa Maria e do Colégio Letrinhas, foi muito elogiada pela organização e conferencistas.

Por sua vez, admitindo tratar-se de uma “área complexa”, os alunos dizem ter apreciado este contacto com os escritores.

Pretende-se com o Festival da Literatura-Mundo Sal, que já vai na sua II edição, tornar a ilha do Sal numa centralidade literária em Cabo Verde e inscrever o país na rota internacional dos eventos das letras.

Hoje, a programação da II edição do Festival Literatura-Mundo será preenchida com uma sessão de leitura nas Salinas de Pedra de Lume (Património Cultural, Histórico e Natural de Cabo Verde), entre conferências e mesas redondas.

SC/AA

Inforpress

 

 

Facebook
Twitter
  • Galeria de Fotos