Ilha do Sal: Jovens mestrados dizem-se também “castigados” pelo desemprego

 

Espargos, 20 Abr (Inforpress) – Alguns jovens mestrados, na ilha do Sal, lastimam o facto de serem também “castigados” pelo desemprego, continuando a aguardar com esperança que as empresas e instituições lhes dê uma oportunidade de crescimento.

A falta de emprego a nível do país, tem desassossegado, especialmente, jovens mestrados e licenciados, mormente na ilha turística, que anualmente vão se formando, manifestando-se “desesperados” para conseguir um emprego.

Caso de Claudete Neves, de 28 anos, mestre em arquitectura, que há três anos terminou e regressou ao Sal, mas continua no desemprego, à base de estágios aqui e acolá, “felizmente”, remunerado, conforme disse.

“Depois que regressei estive oito meses sem fazer nada. Passado esse tempo vim a conseguir um estágio de um ano na ASA e agora estou num outro estágio, também de um ano, num gabinete de projecto arquitectónico, particular. Ainda tudo em estágios, porque temos que cumprir dois anos de estágios exigidos pela Ordem de Arquitectos para que possamos ter licença e exercer como profissional livre. O arquitecto Pedro Bettencour, onde estou a estagiar-me neste momento, tem-me dado bastante apoio e tenho aprendido muito com ele”, manifestou.

Formada pela Universidade de Coimbra, Portugal, no departamento de Arquitectura, Claudete lamenta o facto de aonde se virar para pedir emprego, falam logo em estágios, o que lhe aborrece, pois já conta dois anos a estagiar.

“Não estou disposta em fazer mais estágios. Entretanto, se não for estágio pedem experiência profissional. Mas para se ter experiência há que começar um dia. Queria mesmo era uma oportunidade de trabalho. Ter o meu salário, pensar no meu projecto de vida e ter a minha independência a todos os níveis”, desabafou.

Claudete Neves que vai levando a vida graças ao apoio dos pais, disse estar disponível para trabalhar em qualquer sítio, “até mesmo na China ou Cochinchina”.

A jovem mestre, que deseja, logo, logo, trabalhar primeiro numa empresa para ganhar experiência e ser conhecida no mercado, apela os colegas a serem persistentes a não desanimar nem desistir dos seus sonhos.

Ana Lopes, outra jovem, mestre em Ciências de Educação, sem muita conversa diz-se aborrecida na condição de desempregada, depois de tantos anos lá fora, a passar “dificuldades e discriminação”, associado ao tempo de estágio não remunerado, no país.

“É muito complicado e dias há em que me sinto deprimida”, exteriorizou.

Já Manuela Lima, 26 anos, licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona de Cabo Verde e realizado estágio profissional na Rádio e Televisão de Cabo Verde, segundo a qual estar desempregada dá uma sensação de vazio, mesmo com o apoio familiar, disse que procurar emprego para se inserir no mercado de trabalho não tem sido coisa fácil.

“Tenho participado em vários concursos públicos mas sem sucesso. Há departamentos que nem retribuem o e-mail a dizer que receberam os meus documentos para candidatura”, lamentou.

“Acho que o Governo deveria analisar a questão do desemprego em Cabo Verde, principalmente dos jovens, também da realização de estágios profissionais para jovens recém-licenciados porque há muitos que terminam o curso e nem conseguem fazer o estágio profissional. Todavia, a esperança de um dia conseguir um emprego, permanece”, disse Manu.

SC/CP
Inforpress/Fim

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