Espargos, 30 Dez (Inforpress) – O deputado Démis Almeida considerou hoje que 2022 foi um ano “muito difícil” para os cabo-verdianos, marcado pelo desemprego e agravamento da pobreza no País, “sem respostas assertivas” por parte do Governo e das autoridades públicas.
Eleito pelo círculo do Sal, na listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Démis Almeida falava em entrevista à Inforpress, num balanço do ano de 2022 que já está no fim.
Segundo Démis Almeida, as crises tiveram “impacto negativo muito significativo” na vida social, económica e empresarial dos cabo-verdianos, famílias, trabalhadores, pensionistas e empresas.
“E, face a esses impactos, entendemos que não tivemos por parte do Governo e das autoridades públicas com principais responsabilidades, respostas assertivas que pudessem mitigar, ao máximo possível, as consequências destes mesmos impactos”, sublinhou.
Ao fazer essa leitura, disse compreender que 2022 foi “infelizmente” o ano em que os cabo-verdianos “perderam imensamente” poder de compra, de uma cifra inflacionista “muito elevada”, de cerca de oito por cento (8 %).
“Um ano marcado pelo desemprego, pelo agravamento da pobreza, pelas desigualdades, e no campo empresarial, um ano marcado pela suspensão das moratórias bancárias, pela retoma do serviço da dívida das empresas, que neste momento, muitas delas encontram-se numa situação financeira extremamente difícil, e alguns casos de falência técnica”, comentou.
No cômputo nacional, disse que se pode verificar um “agravamento” da situação da insegurança e da criminalidade no País, o que veio provar, conforme acentuou, que as políticas que o Governo tem adotado a esse nível “são erradas”.
“Portanto, não têm desembocado numa contenção e no recuo das práticas criminais, pelo contrário, tem-se notado um aumento, e tem-se notado também uma muito maior ousadia das pessoas que vivem em conflito com a lei, que cometem crimes… crimes hediondos que não estávamos habituados, sequestros de pessoas, ataques descarados à autoridade instituída, crimes de sangue absolutamente hediondos (…)”, ilustrou.
Situação que, segundo Démis Almeida, vem também provar que “não tem havido políticas” de prevenção criminal primária, políticas sociais com intencionalidade de prevenção criminal que pudessem permitir que as pessoas estivessem plenamente inseridas na sociedade.
“Não só não há políticas de prevenção criminal primária como também, manifestamente, não há políticas de reinserção social. Portanto, o sector da segurança também tem estado num nível muito mau, com um Governo que, claramente, perdeu o controlo da situação”, declarou, referindo que o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, “já não tem condições” para continuar nessas funções.
A par desses aspectos, Démis Almeida chamou igualmente atenção pela situação dos transportes que, a seu ver, a nível do sector aéreo, tem havido uma “falha grave”, continuando-se a ter um monopólio “de facto”, e, a nível marítimo, também por “essas bandas”, as coisas vão “muito mal”.
Por outro lado, Démis Almeida apontou o dedo à situação da justiça em que, conforme sublinhou, “não houve melhorias“.
Quanto à Reforma do Estado e da Modernização da Administração Pública, disse que neste caso “a montanha pariu um rato”, criticando ao mesmo tempo que em tempos de crise se tenha um Governo “tão obeso, composto e pouco eficiente”.
Perspectivando o ano 2023, Démis Almeida disse compreender que o ano vindouro está “de certo modo” ameaçado por uma “grande incerteza”, que decorre da conjuntura internacional difícil, provocada pela guerra ainda em curso.
“Temos que ser optimistas, esperar que seja um ano melhor, mas temos que estar preparados para o pior. As previsões do Governo para 2023 são melhores do que aquelas que tinha para 2022, mas há o risco de serem previsões excessivamente optimistas”, concluiu.
SC/AA
Inforpress/Fim