Cidade da Praia, 02 Mar (Inforpress) – O coordenador do Ministério da Família da Igreja Nazarena do Distrito Sul afirmou hoje que a família cabo-verdiana tem falhado em relação ao seu papel de educar e passar valores .
Fernando Sousa, que falava à Inforpress sobre os últimos acontecimentos no bairro da Jamaica, que ditou a morte de uma criança de seis anos à facada por uma outra de 13 anos, ressaltou tratar-se de um acto que “chocou” e responsabilizou a família por não estar a ensinar os valores aos seus filhos.
“Chocou, mas a família, como o primeiro meio de socialização, onde aprendemos normas e regras da boa convivência para tornarmos adultos respeitosos e responsáveis, têm falhado”, disse, alegando que a falta da paternidade e de uma maternidade responsável está a proporcionar tais acontecimentos.
O pastor, que frisa que a questão da educação na família está a falhar quanto ao seu papel no ensinamento de valores, sublinha ainda que a igreja ensina os valores instituídos por Deus.
Refere que a igreja, outras instituições, assim como o Governo têm o papel de estabelecer políticas direcionadas às famílias, sem, contudo, esquecer de mencionar que durante algum tempo a igreja foi destituída na formação deste papel que só agora foi restituída com a introdução da disciplina Educação Moral e Religiosa, nesse caso católico.
“A igreja está disposta a trabalhar em prol da família, mas o papel da educação vem do berço. Os pais têm delegado esse papel à escola e aos professores, quando quem deve fazer esse trabalho é a própria família”, afirma, sublinhando que os valores devem ser ensinados bem cedo às crianças.
O coordenador do Ministério da Família da Igreja Nazarena do Distrito Sul realça ainda que numa situação em que há ausência de pais, porque estes estão à procura do sustento para os filhos, o ambiente onde estes crescem contribui, também, para a agressividade, visto que estão sujeitos aos meios onde “vivem e convivem” e acabam por “absorver maus ensinamentos”.
Apesar de reconhecer não haver dados para se reflectir ainda sobre o acontecimento, uma vez que o que se tem é apenas as palavras do agressor, Fernando Sousa admite a “urgência” de se reflectir a sociedade que temos de momento.
Neste sentido, apela à família e à sociedade cabo-verdiana a refletirem sobre a questão da violência, instigando que esse trabalho deve ser feito na base, ou seja, no seio da família.
Na passada segunda-feira, 27, a RCV avançou que um adolescente de 13 anos matou, com duas facadas, uma criança de seis anos, no bairro da Jamaica, arredores da cidade da Praia, e que este com a arma do crime, na mão, entregou-se à Polícia Judiciária.
O menor, que se encontra no Centro Orlando Pantera, estuda o 7º ano de escolaridade e é apontado como um rapaz calmo que nunca sequer levou uma advertência na escola.
PC/JMV
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