Cidade da Praia, 30 Dez (Inforpress) – O director do Serviço Extensão do Hospital da Trindade classificou hoje de “lamentável” o posicionamento dos moradores do condomínio Finasson, situado na Terra Branca, na sequência do alojamento provisório dos doentes mentais no rés-do-chão do mesmo edifício.
Na terça-feira, 29, um grupo de moradores do condomínio Finasson concentrou-se em frente à Imobiliária, Fundiária e Habitat, S.A. (IFH) para manifestar “indignação” com a transferência temporária dos doentes mentais para o condomínio onde residem.
Hoje, director do Serviço Extensão do Hospital da Trindade, João Miguel Vaz, que falava em conferência de imprensa para esclarecimento da possível transferência, lamentou o sucedido e prometeu que o Ministério da Saúde vai continuar a procurar outro espaço para alojar a enfermaria de psiquiatria.
O responsável considerou a actuação desses moradores de “lastimável” e que os mesmos desperdiçaram uma boa oportunidade de apreenderem a lidar com a diferença, de instruírem os seus filhos a se tornarem melhores cidadãos, tolerantes e solidários, e de se tornarem amigos e promotores da saúde mental.
O director assegurou que todas as condições foram criadas e as medidas de segurança foram devidamente acauteladas com as adaptações necessárias, e garantiu que o uso desse espaço não representaria problemas de segurança nem constrangimentos aos residentes daquele condomínio.
Adiantou que do encontro que decorreu na tarde da última terça-feira, na qual participaram as partes interessadas, não houve entendimento, tendo a comissão dos moradores manifestado contra essa transferência.
“É nosso desejo que as pessoas em casa saibam que os doentes mentais são pessoas como todas as outras. Tornando-nos mais atentos as doenças mentais podemos contribuir para criar as merecidas oportunidades a estas pessoas, permitindo-lhes levar uma vida normal e um regresso a comunidade como membros produtivos auto confiantes e capazes de desenvolverem todo o seu potencial”, referiu.
No seu entender, o estigma associado à doença mental, assim como os comportamentos discriminatórios que dele advém, constituem “importantes obstáculos” às oportunidades dos doentes mentais e até aos avanços nos tratamentos psiquiátricos.
Para finalizar, defendeu que a população precisa de mais informação e ser sensibilizada sobre a doença mental e dos tratamentos disponíveis.
De acordo com o Ministério da Saúde, as obras de remodelação da Extensão da Trindade (unidade psiquiátrica do Hospital Agostinho Neto), construída na década de 80, está orçado em 112 mil contos.
AV/AA
Inforpress/Fim