Guiné-Bissau/Eleições: Vida está difícil no país, mas guineenses têm esperança de um futuro melhor

Bissau, 31 Mai (Inforpress) – A vida difícil na Guiné-Bissau piorou com o contexto económico mundial, mas, mesmo assim, os guineenses têm esperança de que os vencedores das legislativas se comprometam efetivamente com o desenvolvimento e em dar uma melhor vida ao povo.

A taxa de pobreza registada em 2022 na Guiné-Bissau foi de 66,6%, acompanhada de uma desaceleração económica, tendo o crescimento ficado em 3,5%, e a taxa de inflação em 7,6%, segundo dados das organizações financeiras.

As previsões para este ano são mais otimistas, mas muito dependentes da comercialização e exportação da castanha do caju, do qual depende a economia guineense e mais de 80% da população.

“Está difícil mesmo. A Guiné-Bissau é um país agrícola, 80% da população guineense vive da agricultura e neste momento estamos com o problema da castanha de caju, que não está a sair e estamos com dificuldades e só quando [a castanha] sair é que conseguimos ter alguma coisa”, afirmou à Lusa Augusto Dja.

A esperança deste pescador reside na mudança dos jogadores nas legislativas de 04 de junho.

“Vamos ver quem vai ser o melhor, quem vai meter o golo”, disse o pescador.

Para a população em geral os dados significam pouco e o que importa é o dinheiro no bolso para comprar o essencial, já que o aumento dos preços dos principais produtos básicos fez duplicar as despesas familiares.

O contexto económico mundial não tem ajudado a Guiné-Bissau, as fragilidades do país, um dos mais pobres do mundo, estão à vista e revelam a incapacidade do Estado de criar medidas compensatórios para os mais pobres, que representam mais de metade da população.

David Albano M’Bambé, estudante de Letras na Universidade Amílcar Cabral, partilha da opinião de Augusto Dja, e acrescenta que o país vive da comercialização e exportação da castanha de caju e que isso tem reflexo nas restantes atividades económicas do país.

“Portanto, cada um agora tem de lutar para conseguir algo para comer, tem de arrumar um outro emprego para sustentar as famílias. Quanto a nós, estudantes, estamos também a deparar-nos com isso. Há estudantes que estão a lutar por si para poder pagar as propinas”, disse David Albano M’Bambé.

Das legislativas de domingo e do futuro Governo, o estudante de Letras na Universidade Amílcar Cabral, estabelecimento de ensino superior público, espera o respeito dos “compromissos com o povo”.

“Se os políticos têm compromissos com o povo devem saber o que fazer depois de ganharem as eleições. Têm os programas que apresentaram. Agora vamos esperar a vontade de Deus. Que seja escolhida uma pessoa que leve a Guiné para a frente”, afirmou David Albano M’Bambé.

Já Elisabete Domingos Nheco, também estudante, mas de Serviço Social, na Universidade Amílcar Cabral, tem “muita esperança” nas legislativas de domingo, porque a vida está “muito difícil”, principalmente para os estudantes.

“Espero muito que o meu país possa dar um passo para o desenvolvimento, embora seja muito difícil de acreditar depois de tantas coisas que vivemos. Temos fé que a situação vai melhorar depois das eleições”, afirmou.

A estudante lamenta que a escola no país “esteja a morrer”.

“Estudar está a ser muito difícil, porque cobram muito e a situação não está boa. Os preços dos produtos de primeira necessidade dispararam no mercado e isso não facilita e nós que estamos na universidade temos de fazer alguma coisa, não podemos só depender dos pais, que lutam para pôr comida em casa e pagar a nossa mensalidade na escola”, disse.

Para apoiar a família, explicou a estudante, muitos alunos vão a pé para a escola e ficam o dia todo sem comer.

“Tudo porque a situação não está nada bem e nós estamos a sentir isso na pele”, acrescentou.

 

Inforpress/Lusa

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