Mindelo, 20 Abr (Inforpress) – Os líderes regionais das duas centrais sindicais em São Vicente concordam que o actual Governo encontra-se “muito atrasado” em relação ao cumprimento das soluções apresentadas aos cabo-verdianos e dos compromissos assumidos ao ser eleito, há um ano.
Esta constatação foi partilhada pelo presidente regional da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos e Central Sindical (UNTC-CS), Eduardo Fortes, e pelo o coordenador regional da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), António André Lima, em entrevistas à Inforpress, a propósito do primeiro ano de mandato do executivo de Ulisses Correia e Silva.
Segundo argumentou Eduardo Fortes, até agora “ainda não se viu nada de especial e nem sinas positivos”, e “não se compreende bem” que medidas poderão surgir em relação à governação durante este mandato, capazes de ditar um “novo rumo” ao país.
“Mais do que promessas, foram apresentadas soluções para a resolução de problemas e é bom que tenhamos isto em mente” afirmou o sindicalista, para quem, tendo em conta o “volume de promessas e soluções que o povo está à espera”, o Governo está “bastante atrasado”.
Com um ano de mandato concluído e restando apenas mais três, o sindicalista considerou que o Governo “desperdiçou muito tempo” a reorganizar-se internamente e talvez só para o próximo ano é que se poderá ver “algo palpável”, uma vez que, considerou, as intenções anunciadas até agora aparentam ser “boas”.
Em relação à classe trabalhadora, o sindicalista avançou que continuam os mesmos problemas de sempre.
“Não há políticas de incentivo ao investimento privado, a carga fiscal, a burocracia, os custos de formação, da electricidade e dos transportes continuam elevados e o desemprego, ao contrário da leitura feita pelo Governo, aumentou claramente” argumentou.
Por seu lado, o coordenador da CCSL, sector norte, António André Lima, que também partilha do mesmo sentimento de “atraso e desperdício de tempo”, considerou que durante a campanha foi feito “muito barulho” com promessas “em todos os quadrantes”, mas que até agora “nada foi cumprido”.
“Temos uma situação laboral caótica no país, e para agravar ainda mais a situação foi reduzido legalmente o valor das indemnizações dos trabalhadores, o que só veio a prejudicar os que foram despedidos” avançou António André Lima.
Em relação ao emprego, uma das “promessas-chave” do novo Governo, o sindicalista considerou que está a piorar, sobretudo na camada jovem, e que até ainda não se viu “qualquer mudança” no sentido de reduzir as estatísticas que só em São Vicente chegam a 36 por cento (%) de desempregados.
O coordenador da CCSL, também comentou a “precariedade da habitação social”, especificamente em São Vicente onde “existem famílias numerosas debaixo de tectos e situações degradantes”.
António André Lima questionou a “falta de soluções” para a questão de transporte no país, sobretudo a nível marítimo, sector que, considerou, deveria contar com mais “incentivos e atractivos” adequados ao sector privado.
Quanto ao crescimento económico, outro aspecto que mereceu comentários do sindicalista, este visualiza “apenas mudanças nos dígitos e nada de concreto” que possa recair sobre a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Por estas razões, o executivo de Ulisses Correia e Silva, na prespectiva das representações das centrais sindicais na região norte do país, receberia, se fosse uma prova, um “suficiente menos” pelo “atraso em relação à evasão aos compromissos assumidos” com os cabo-verdianos.
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Inforpress/ Fim