Cidade da Praia, 07 Fev (Inforpress) – O primeiro-ministro pediu hoje, na Praia, a aceleração das medidas de adaptação e de transformações estruturais para o aumento da resiliência e o desenvolvimento sustentável, sublinhando que o problema climático é uma realidade grave que não pode esperar.
O Ulisses Correia e Silva, que falava na abertura do II Fórum Internacional da WASAG sobre escassez de água na agricultura, a decorrer na cidade da Praia, salientou que o grande desafio é de conciliar os objectivos do aumento da produção com a resiliência alimentar e a mitigação das mudanças climáticas e adaptação aos seus efeitos.
“O conhecimento científico e técnico, a cooperação e disponibilidade de recursos financeiros são determinantes para a construção de respostas estruturais para uma melhor gestão da água e da escassez hídrica, tendo em vista uma maior produção e a resiliência do sector agroalimentar face aos efeitos das mudanças climáticas”, disse.
Neste sentido, o chefe do Governo salientou que a WASAG pode desempenhar um papel “muito relevante” através da promoção da investigação, da inovação e da partilha de conhecimento e tecnologias.
“Os impactos a nível ambiental, económico, social e humanitário têm sido terríveis para o mundo particularmente para os países menos desenvolvidos”, salientou, adiantando que em contexto de crises Cabo Verde tem-se posicionado com muita resiliência e capacidade de adaptação.
“Desde que nós nos conhecemos enquanto nação, há mais de cinco séculos e meio temos tido essa resiliência, capacidade de superação, adaptação. Como disse, é uma resiliência pela sobrevivência. Agora precisamos de uma resiliência para o desenvolvimento sustentável”, enfatizou.
Essa resiliência, conforme indicou, passa por encontrar soluções que sejam mais sustentáveis, mais duráveis, mais eficazes e eficientes a nível da produção e consumo de água para a agricultura.
“Estou a falar da dessalinização da água, associada às energias renováveis, a reutilização das águas residuais, a massificação da rega gota-a-gota e à toda tecnologia que pode ser utilizada e que seja menos exigente em termos de consumo de água para podermos viabilizar a agricultura nas condições climáticas que Cabo Verde tem”, sustentou.
Ulisses Correia e Silva adiantou que faz todo o sentido desencadear essa luta, já que o país tem cerca de 34 por cento da sua população a viver no meio rural e muito dependente do sector agrícola, pelo que o objectivo é ter uma agricultura sustentável que não fique dependente apenas das chuvas.
“Com isso estaremos a dar uma resposta muito forte para o emprego, rendimentos e redução da pobreza”, realçou.
Para o primeiro-ministro, os desafios das mudanças climáticas, da sustentabilidade ambiental e da redução das vulnerabilidades ambientais, económicas, sociais e humanitárias são uma responsabilidade global.
Neste sentido considerou que é imprescindível que o desígnio do desenvolvimento sustentável seja assumido como uma prioridade por todos e que os dois factores críticos, tempo e financiamento, sejam geridos com sentido de urgência por todos.
“Todos os países estão com prazos curtos para inverter a trajectória das mudanças climáticas e seus impactos devastadores. Por isso a chamada para acção do secretário-geral das Nações Unidas”, realçou.
O II Fórum Internacional WASAG que acontece pela segunda vez na cidade da Praia conta com a participação de técnicos e especialistas de 143 países, que estão a debater o problema da escassez da água, tendo como lema “tornar a agricultura resiliente às alterações climáticas”.
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