São Filipe, 18 Fev (Inforpress) – A União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) mostrou-se preocupada com o funcionamento da lixeira a céu aberto em São Filipe e a concorrência desleal com os jovens que fazem extracção de inertes em Baleia (Mosteiros).
Esta preocupação foi manifestada pelo presidente da UCID, António Monteiro, que terminou hoje uma visita de quatro dias à ilha do Fogo.
A deslocação à lixeira, que funciona a escassos metros do hospital regional e de uma unidade hoteleira, deve-se ao facto deste partido da oposição se preocupar com a questão do meio ambiente que, no dizer de António Monteiro, “é extremamente importante” mas o que viu, segundo o mesmo “é de bradar aos céus”.
Monteiro defende que a Câmara Municipal de São Filipe e o Governo central devem sentar-se à mesa e discutir este problema, que “é grave”, para uma ilha que tem um potencial turístico extraordinário apesar de, ainda, pouco aproveitada.
António Monteiro indicou que se pode, com as novas tecnologias que existem, aproveitar, não o lixo em si, mas a matéria-prima que se deposita para gerar energia e outras coisas que podem ser benéficas à sociedade civil.
Com relação à situação de Baleia, o líder democrata-cristão referiu que há muitos jovens que procuram o seu ganha-pão a partir da extracção de inertes e eles estão a ter uma concorrência desleal, explicando que, para entrar no perímetro onde trabalham, as viaturas pagam 250 ou 800 escudos, para carrinhas e camiões, respectivamente, mas que ao lado está uma empresa que faz a exploração de inertes e não paga absolutamente nada.
“É uma concorrência extremamente desleal que pode influir na condição de vida social destes jovens, a maioria da zona de Relva (Mosteiros), disse António Monteiro, indicando que estes lhe pediram para interpelar o Governo sobre a situação para que haja igualdade de oportunidade e que um não seja prejudicado em detrimento do outro que dispõe de outros equipamentos e consegue trabalhar melhor.
Para o presidente da UCID “há uma grande injustiça social” e é preciso que o Governo trabalhe no sentido de equilibrar este sistema, lembrando que há dois anos abordou esta questão no Parlamento, sobretudo a questão de segurança, e não se fez nada.
No entender de António Monteiro, a situação agora é pior porque pode retirar emprego a 60 jovens que, apesar de não ser muito digno, é o garante de algum sustento para a família.
Quanto à requalificação da cidade de São Filipe, em curso, Monteiro chamou atenção para a preservação dos traços históricos.
António Monteiro disse que em todo o lado primeiro coloca-se os lancis e só depois as calçadas, mas aqui passa-se o contrário.
Este chamou atenção também sobre a qualidade das calçadas já que os paralelepípedos para a calçada deviam ter mais qualidade por se tratar da requalificação de uma cidade histórica e com um centro que tem um valor muito elevado e deve ser cuidado.
Em relação a futura asfaltagem, o entendimento da UCID é que se deve equacionar muito bem aquilo que se quer da cidade para não perder os traços, mas também não cair no erro de muita modernidade que poderá prejudicar a própria cidade, apelando para que se entregue isso aos técnicos competentes para tomar as decisões que se mostram necessárias para o bem da cidade.
Durante a visita, António Monteiro estabeleceu vários contactos com a população, constatando que “há muitos problemas e alguma esperança de que o amanhã possa ser melhor e trazer uma alegria maior para as pessoas”.
A delegação da UCID visitou o hospital regional que, conforme disse, ainda enfrenta algumas dificuldades, embora algumas das questões que havia no passado vão sendo colmatadas, criando condições para melhorar o serviço de saúde na região Fogo/Brava.
Monteiro disse que ainda há dificuldades em relação ao número de enfermeiros e de agentes dos serviços gerais e apelou ao Governo que, apesar do pouco tempo que ainda resta, crie as condições para que o hospital possa ter esses recursos humanos e estar mais apto a prestar melhor qualidade de serviço.
Segundo a mesma fonte com relação aos equipamentos de diagnósticos, os mesmos estão no país há algum tempo e a UCID não entende a razão da demora do seu transporte para a ilha para serem instalados e consiga melhorar ainda mais o atendimento dos utentes que procuram os serviços hospitalares.
JR/HF
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