São Filipe, 08 Mar (Inforpress) – Mais de um quarto da população da ilha do Fogo (27%) tem menos de 19 dentes e já é considerada desdentada, disse hoje o ponto focal das doenças crónicas do Ministério da Saúde, Emília Castro Monteiro.
A informação foi avançada durante apresentação do relatório do segundo inquérito sobre factores de risco das doenças não transmissíveis, e, segundo Emília Castro Monteiro, a nível de saúde oral a taxa da ilha do Fogo “é elevada” e supera a taxa nacional.
Segundo os dados, 27 em cada 100 pessoas da ilha tem menos de 19 dentes e são consideradas desdentadas, referiu Emília Castro Monteiro, não obstante, neste momento o Ministério da Saúde ter cadeiras estomatológicas em quase todas as estruturas de saúde de atenção primária.
“Temos de desenhar políticas que nos permitam trabalhar na parte de promoção, de manter os hábitos higiénicos da boca saudável e tentar não chegar ao ponto de extracção dos dentes e se houver cárie trabalhar para não perder os dentes”, referiu.
Com relação ao consumo do álcool e do tabaco, os dados da ilha do Fogo equiparam-se à média nacional, mas a exposição de pessoas ao fumo é um pouco elevada e esta situação preocupa as autoridades de saúde.
Neste particular, Emília Castro Monteiro referiu que a saúde pública é de todos e não apenas do Ministério da Saúde, sublinhando que todos, as instituições, as populações devem trabalhar a questão da literacia em saúde e da educação das pessoas para que elas possam saber quais os aspectos que devem ter em consideração para melhorar o estilo de vida saudável.
“É um ponto que devemos trabalhar e de forma urgente, principalmente na atenção primária da saúde e é uma política que inclui todas as instituições”, destacou, avançando que não se deve proibir, mas dar o conhecimento às pessoas para saberem e ter opção sobre aquilo que quer para ter mais e melhor saúde.
Além do consumo do álcool e tabaco, o inquérito, segundo a mesma, analisou o consumo alimentar e neste aspecto felicitou a ilha, que pelas suas características, consome quase o dobro de porções de frutas e/ou legumes/dia daquilo que é recomendado, pelo menos cinco porções de frutas e/ou legumes/dia, apresentando assim uma taxa mais elevada que a média nacional.
O consumo de frutas e legumes “é muito bom” por ser um dado protector para as doenças cardiovasculares e oncológicas, explicitou a ponto focal das doenças crónicas do Ministério da Saúde, que adiantou que em relação à actividade física, faz-se menos actividades físicas do que actividades sedentárias, chamando atenção para as horas que as pessoas estão inativas.
A directora do Hospital Regional São Francisco de Assis e da Região Sanitária Fogo/Brava, Liziana Barros, mostrou-se preocupada com os dados avançados em alguns domínios e apontou a necessidade de intervir nos aspectos relacionados com o uso de tabaco, de bebidas alcoólicas e prática de actividade física.
Relacionado com o uso do tabaco, Liziana Barros disse que a taxa é elevada, não só de pessoas que fumam, mas sobretudo de pessoas expostas ao fumo, e defendeu a necessidade de consciencializar as pessoas, lembrando que existe uma lei e as pessoas devem saber respeitá-la e não fumar em espaço público fechado.
A apresentação dos dados do segundo inquérito contou com a participação de representantes do Instituto Nacional de Estatística, da representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
O acto de abertura contou com a intervenção do secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, Evandro Monteiro, do presidente da câmara de São Filipe, Nuías Silva, e da representante da OMS, Edith Pereira.
(Corrija-se a percentagem da população do Fogo, para 27% e não 17%, que tem menos de 19 dentes e já é considerada desdentada. No título passa a ser “uma em cada quatro pessoas” e no lead “Mais de um quarto da população da ilha do Fogo (27%)”)
JR/CP
Inforpress/Fim