Fogo: PAICV diz que sector da saúde registou um “retrocesso gritante” e exige “maior atenção” do Governo
São Filipe, 13 Abr (Inforpress) – O sector da saúde registou um “retrocesso gritante” relativamente à situação vivida até 2016, apesar dos esforços dos profissionais, e por esta razão a Comissão Política Regional do PAICV exige “maior atenção” por parte do Governo.
A Comissão Política Regional (CPR) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), em conferência de imprensa, denunciou hoje o “estado de abandono” a que a ilha foi votada pelo Governo do Movimento para a Democracia (MpD, poder), com destaque para o sector da saúde.
O presidente da CPR do PAICV, Luís Nunes, disse que o Hospital Regional São Francisco de Assis, “construído e equipado” pelo Governo do PAICV para assistir as populações da Região Fogo/Brava, debate-se, neste momento, com “falta de enfermeiros e médicos especialistas e reagentes para simples exames laboratoriais”, obrigando as famílias a recorrerem a clínicas privadas, o que, sintetizou, acarreta “avultadas despesas”, num momento que atravessam “grandes dificuldades”.
“Não fossem os serviços sociais das câmaras municipais, que têm assistido os pacientes com o pagamento dos exames complementares nas clínicas privados a situação poderia ser bem pior”, advertiu Luís Nunes, lembrando que o hospital não dispõe de especialistas nas áreas de Cardiologia, Pneumologia, Urologia, Nutrição e Dermatologia, o que, no dizer do mesmo, demonstra que há uma “falta de atenção e preocupação” do Governo para com a ilha do Fogo.
Para o presidente da CPR do PAICV é necessário um investimento maior nos recursos humanos, nomeadamente médicos e enfermeiros, o que diminuiria a transferência de pacientes para outros hospitais, resolvendo as preocupações e o sofrimento das famílias foguenses, que muitas vezes são enviadas para a Cidade da Praia de barco e em condições “dramáticas e degradantes”.
Por outro lado, classificou de “lamentável e preocupante” o facto de o hospital regional não ter sequer uma ambulância, advogando que se está perante um “Governo míope e que não investe na Saúde”, que “não percebe o valor da sua força produtiva”.
Se investisse, em parceria com INPS, na Região Fogo/Brava com médicos especialistas, meios de diagnóstico e tratamento, continuou a mesma fonte, as poupanças com transferências de pacientes seriam suficientes para suplantar os investimentos e ter “um verdadeiro” hospital regional.
O edifício do antigo hospital e onde funciona actual Delegacia de Saúde de São Filipe, segundo o mesmo, encontra-se “votado ao abandono” e clama por uma “intervenção urgente”, por se tratar de um património histórico da cidade centenária.
Além da sua recuperação, a CPR do PAICV exorta o Governo a transformá-lo num centro de saúde para descongestionar o hospital regional e dotar o município de uma estrutura sanitária para responder aos cuidados primários de saúde, lembrando que São Filipe é “o único centro urbano que não dispõe de um centro de saúde”.
“É inadmissível que um município que alberga um hospital regional e serve uma população de milhares de pessoas, tenha apenas uma única farmácia que claramente não responde às necessidades e demanda da população”, destacou o presidente da CPR do PAICV.
A mesma fonte exigiu o “lançamento urgente” de um concurso ou autorização para abertura de, pelo menos, mais duas farmácias, de modo a ter este serviço disponível à noite, fins de semana e feriados.
Igualmente, o PAICV reivindica a “concretização da promessa de campanha” e dotar o município de Santa Catarina do seu centro de saúde, observando que a população local aguarda com expectativa e exige a concretização deste compromisso, visando a melhoria da capacidade de resposta e qualidade no sector da saúde.
O presidente da CRP do PAICV concluiu que pelas “insuficiências e lacunas” num sector “estratégico e nevrálgico” para o desenvolvimento da ilha, “não há dúvidas de que o sector da saúde na Região Fogo/Brava atravessa um dos seus momentos mais delicados”.
“É neste contexto de alguma desorientação estratégica acrescido das dificuldades de transporte entre as ilhas Fogo-Brava-Santiago que agudiza ainda mais a situação critica da saúde na região, que PAICV Fogo exorta e exige do governo a tomada de medidas urgentes e consequentes para responder às preocupações e inquietações das populações”, finalizou Luís Nunes.
JR/AA
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