Fogo: ONG Cospe trabalha projecto na área do turismo e que contempla inclusão social e protagonismo juvenil – Carla Cossu

São Filipe, 24 Mai (Inforpress) – A organização não-governamental Italiana, Cospe, está a trabalhar um novo projecto para o sector do turismo e que abrange a inclusão social e o protagonismo juvenil, disse hoje a responsável desta ONG, Carla Cossu.

A informação foi avançada após a abertura da penúltima mesa de diálogo no quadro do projecto Pessoas que encerra as suas actividades no final deste mês de Maio.

As duas últimas mesas de diálogo, que acontecem hoje e sexta-feira na cidade de São Filipe, debruçam sobre as mulheres e a reinserção social.

“Estamos a elaborar novas acções para um novo projecto mais virado para a área do turismo, mas que contempla toda a parte da inclusão social e do protagonismo dos jovens”, disse Carla Cossu, indicando que através das ferramentas construídas no projecto Pessoa pode-se ter a base para o novo projecto.

Com relação ao projecto Pessoa, em jeito de balanço, Carla Cossu, disse que esta última actividade é “especial” porque abriu-se também aos homens para mostrar o que foi conseguido durante a sua execução.

Para a representante da ONG italiana, foi um projecto muito desafiante considerando os constrangimentos iniciais já que o início do projecto coincidiu com o surgimento da covid-19 e algumas áreas de actividade, nomeadamente, dentro da cadeia regional e nos liceus, sofreram paragens e a única área que foi implementado desde início foi a das mulheres.

“Conseguimos trabalhar através de uma análise participativa com grupos municipais de mulheres para entender as suas necessidades”, referiu Carla Cossu, indicando que o projecto trabalhou a parte de sensibilização e tomada de consciência das mulheres em relação aos seus direitos, assim como trabalhar a promoção das oportunidades de trabalho porque, explicitou, “feliz ou infelizmente a única saída que as mulheres têm para autodeterminação e independência é a económica”.

A mesma fonte disse que através da agenda das mulheres foram elaborados microprojectos que foram financiados e no quadro da parceria com o projecto Terra de Valor, conseguiu-se trabalhar com as mesmas mulheres na área de cooperativa de mulheres em várias áreas, com espaços próprio e aquisição de mais conhecimentos e ferramentas nas áreas de direito e da igualdade do género.

Nesta mesa de diálogo estão a ser analisados os resultados conseguidos também na área do protagonismo juvenil nos liceus, através dos trabalhos realizados com estudantes das escolas secundárias das ilhas do Fogo e Brava, nomeadamente a institucionalização das associações dos estudantes e garantir, democraticamente, uma representação das mesmas nas escolas.

O protagonismo juvenil, no dizer da mesma, é uma ferramenta que permitirá aos jovens ser um pouco mais responsáveis e respeitar a própria vida, mas também tomar algumas decisões de autonomia sem confronto com os adultos, além da realização de actividades relacionadas com as suas necessidades e sonhos.

A nível de reinserção social, cuja mesa acontece esta sexta-feira, Carla Cossu classificou esta actividade do projecto Pessoa  de “muito importante” porque quer dentro como fora da cadeia existe uma intervenção muito forte, apontando como exemplo a formação de uma associação, a primeira associação de reinserção social formalizada em Cabo Verde o que demonstra que há uma vontade da sociedade civil de se ocupar das pessoas que, por algum motivo, passaram um período limitado de vida privado da liberdade e incluí-las de forma mais justa na sociedade.

Dentro dos resultados obtidos, a responsável da ONG Cospe aponta um conjunto de desafios relacionados com pacote comunicativo, observando que foram identificados junto dos jovens e das mulheres alguns tabus a quebrar e estereótipos a serem desestruturados.

Segundo a mesma, no quadro dos desafios existem alguns temas que são um pouco mais difíceis de ter em conta na sociedade como a microcriminalidade juvenil e o aborto clandestino.

Em relação ao microcriminalidade juvenil, explicou, foi elaborado um vídeo e sobre o aborto clandestino, o projecto lançou recentemente um vídeo, já que é um problema que se sente muito na ilha do Fogo e com a campanha pretende-se, por um lado, sensibilizar os jovens a utilizarem outras precauções e a tomarem mais responsabilidade ao interromper uma vida, mas também chamar atenção das estruturas de saúde no sentido de dispor de equipamentos para poder, eventualmente, na interrupção de gravidez não deixar sair do espaço informações.

Outros temas trabalhados estão relacionados com o papel dos homens, sobretudo a questão da sensibilidade dos homens que, muitas vezes, é escondida, quando devem poder expressar a própria sensibilidade, os estereótipos de quem tem tatuagem ou piercing fazem parte de uma camada especial discriminada, a importância da conversa entre mãe e filha sobre a sexualidade.

O problema da gravidez ou da gravidez precoce e do aborto clandestino é o resultado da falta de diálogo dentro de casa e a necessidade de preparar os jovens e adultos a abordar as temáticas em casa sem tabus.

As mesas de diálogo que coincidem com o término do projecto Pessoas devia contar com a presença física da Chefe da Cooperação da delegação da União Europeia e da responsável dos projectos para a sociedade civil de uma alta representação do Ministério da Justiça, mas problemas de transportes impediram a deslocação.

O projecto Pessoas é financiado pela União Europeia e pelo Fundo Canadiense para iniciativas locais (CFI), implementado pela Cospe e pela Associação de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (Borboleta) em parceria com o Laço Branco, Comissões Regionais de Parceiros do Fogo e da Brava, e trabalha no reforço da sociedade civil como agente de mudança, fortalecendo a igualdade e equidade de género e promovendo a inclusão social.

JR/HF

Inforpress/Fim

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