Fogo: Festa da Banderona cancelada devido a pandemia da covid-19

São Filipe, 20 Jan (Inforpress) – A edição 2021 da maior festa tradicional da bandeira da ilha do Fogo, “Banderona”, que este ano devia acontecer entre 23 de Janeiro a 15 de Fevereiro, véspera do carnaval, foi cancelada devido à pandemia da covid-19.

A Banderona, que há séculos é assinalada pela comunidade de Campanas de Baixo, extremo norte do município de São Filipe, ganhou nos últimos anos uma nova dimensão, movimentando anualmente milhares de pessoas, sobretudo emigrantes radicados nos Estados Unidos da América.

Este ano os festeiros são duas emigrantes nos Estados Unidos da América, nomeadamente Zizi di Nhá Pá e Mindeia di Coia, que inclusive enviaram para a ilha alguns materiais e géneros utilizados na festa assim como uma certa quantidade de materiais escolares para os alunos das comunidades de São Jorge e Campanas de Baixo.

Filipe Pereira, conhecido por “Bidonga”, uma das pessoas ligadas às festas de Banderona adiantou que as actividades estão canceladas e que possivelmente no dia 14 de Fevereiro, dia que seria “fincado o mastro” será celebrada uma missa e dependendo do evoluir da situação poderá ser servido um almoço para os cavaleiros.

Esta é a primeira vez, de que há memória, que a festa da Banderona não será realizada pela comunidade de Campanas de Baixo, devido à pandemia da covid-19.

A festa de São João Baptista, apelidada de “Banderona” por ser a festa tradicional da bandeira com maior duração celebrada em toda a Ilha do Fogo e a segunda que movimenta maior número de pessoas, depois da festa da bandeira de São Filipe, 01 de Maio, tem um carácter nacional e internacional e com deslocação de vários emigrantes e pessoas residentes noutras ilhas.

A festa da “Banderona” ou da Bandeira de São João Baptista surgiu há mais de dois séculos e conforme reza a lenda “na altura, as pessoas ouviam, no “assobiar” do vento, sons comparados com o toque de tambor e cantigas no ar, ao longo de uma semana”, seguidos de relâmpagos e trovões, tendo um raio caído numa ribeira onde brincavam algumas crianças.

A “Banderona” tem alguma diferença com outras festas assinaladas no Fogo. A sua figura principal é o “cordidjeru” (governador), que dirige e superintende todas as actividades da festa.

Nela participam cavaleiros, detentores de bandeiras (guardiões das bandeiras e da ordem, paz e harmonia), um juiz que preside, juntamente com o “cordidjeru”, que assegura a votação ou nomeação dos festeiros para a festa do ano seguinte, e um corpo de “coladeiras” integrado por homens e mulheres, acompanhados de “caxerus” ou tamboreiros.

Outra figura da festa é o “refugiado ou ladrão” que é uma espécie de “canisade” que durante a festa só aparece no dia da matança, no último sábado antes do almoço, com intenção de roubar os produtos como carne, mandioca e outros.

JR/HF

Inforpress/Fim

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