São Filipe, 24 Nov (Inforpress) – A adega/cooperativa Chã, com cerca de 140 agricultores associados, enfrenta neste momento “grandes dificuldades” no escoamento da sua produção devido à pandemia da covid-19, informou o responsável dos agricultores de Chã das Caldeiras, David Monteiro.
Também conhecido como Neves, a mesma fonte, que também dirige a adega/cooperativa Chã, disse à Inforpress que toda a produção de 2019 e 2020 e parte da produção de 2018 ainda encontra-se na adega, que tem neste momento mais de 200 mil litros em stock, já que depende muito dos turistas, e desde Março “não tem tido muita saída” com ausência dos visitantes.
Indicou que face à situação, os responsáveis da adega tem estado a dialogar com o Governo, quer através de contactos, como de exposições enviados ao ministro da Agricultura com conhecimento ao delegado deste ministério na ilha, mas também enviada ao vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, no sentido de encontrar uma saída.
Em relação aos problemas, conforme a mesma fonte, o Governo deu “um bom apoio” com a resolução do problema de cadastro de exportação de que a adega não dispunha, neste momento já tem em mãos este documento e agora está na fase de mobilização de parceiros no exterior para fazer a exportação do vinho, porque, explicou, o mercado nacional não consome o vinho que adega tem neste momento.
Dada a dificuldade de escoamento da produção dos últimos dois anos e parte de 2018, a adega está “totalmente cheia” com os barris ocupados com mais de 200 mil litros de vinho e, por isso, se a situação se mantiver, na vindima de 2021 vai enfrentar “um problema maior”.
A previsão para 2021 indica uma “produção excelente”m devido “às boas precipitações registadas” este ano, referiu David Monteiro, sublinhando que continuar com o vinho em stock e sem escoar constitui “um problema grande” para os 138 agricultores que fizeram a entrega de matéria-prima (uvas) à adega.
“Neste momento estão numa situação difícil porque o vinho não está a sair e os agricultores dependem do vinho”, disse aquele responsável, observando que a adega faz o pagamento em duas prestações (Junho e Dezembro), mas dada a dificuldade no escoamento ainda não efectuou o pagamento referente ao ano de 2019.
Segundo Neves, os agricultores “estão ansiosos” para ver o escoamento do vinho para poderem receber, porque é disso que dependem, mas, que por outro lado, “encontram-se animados” com as perspectivas para 2021, pese as duas últimas produções estarem em stock.
Na exposição enviada aos membros do Governo, os responsáveis abordaram a questão da construção da adega, já que o espaço onde a mesma funciona é provisória e “está mal localizada” e não querem correr o risco, como aconteceu na erupção de 23 de Novembro de 2014, de destruição daquilo que a adega tinha adquirido desde 1998, nomeadamente infra-estruturas, equipamentos e o vinho que estavam em stock.
Para a construção da adega definitiva foi definido o espaço e inclusive antes das eleições legislativas de 2016 chegou a ser lançada a primeira pedra para sua edificação num lugar seguro, situado a cerca de 70 metros de altitude em relação às lavas de 2014.
Neves defendeu uma intervenção do Governo que ainda que não seja a construção da adega definitiva, como foi projectado e com todos equipamentos, ao menos que seja construído um pavilhão com materiais pré-fabricados, para permitir sair do espaço sem as condições para um “espaço melhor e mais adequado”.
Com o aumento de plantações nos próximos anos, continuou, vai-se atingir a quantidade que se estimou para a construção da adega definitiva, cuja capacidade é de transformar 750 toneladas de uva, correspondente a 500 mil litros/ano.
O projecto, recorde-se, foi socializado em Abril de 2017 e representou, na altura, um investimento de perto de 400 mil contos para construção e equipamento e a sua implementação. Era para iniciar no final de 2017, mas “ainda não saiu do papel”.
A adega definitiva é um edifício de dois pisos com espaços para melhor separação e valorização de uva e melhor eficiência energética e ocupa uma área de oito mil metros quadrados, com zonas de envelhecimento de vinho com capacidade para até 30 mil litros, zona para processamento, recepção da matéria-prima, de engarrafamento devidamente equipado e com autonomia no seu funcionamento, para além de área para destilação.
Este empreendimento económico terá ainda um espaço anexo para transformação de frutas com capacidade para 200 toneladas/ano, espaço para serviço de restauração, área administrativa e para reunião com capacidade para receber todos os sócios e espaço para serviço de turismo, entre outros.
JR/AA
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