São Filipe, 19 Jan (Inforpress) – O acesso a um mercado maior possibilitará aumentar a produção e com isso vender os bens ou serviços a preços mais reduzidos para o consumidor final, disse a presidente da Associação de Produtores do Vinho do Fogo (APVF).
Em declarações à Inforpress, a propósito do Acordo de Livre-Comércio Continental Africano que entrou em vigor a 01 de Janeiro, Maria da Ressurreição Graça indicou que este acordo, ao remover as barreiras tarifárias de 90 por cento (%) dos bens e serviços em um mercado de 1,2 mil milhões de pessoas e em 54 países dos 55 da União Africana, é uma “grande porta” que se abre para o incremento da produtividade “em todo o reduzido mercado arquipelágico de 500 mil pessoas”.
Para a presidente do conselho directivo da Associação de Produtores do Vinho do Fogo (APVF), a ilha, pela sua potencialidade vinícola, mas também de outros produtos como licores, queijo, café, processamento de carne de caprino e até a pedra, poderá vir a ser “altamente beneficiada” com este acordo.
Contudo, para que isso aconteça, alertou, “não basta apenas ter a vontade dos produtores”, daí defender que é necessária uma estratégia nacional com um quadro regulatório facilitador para a produção industrial e exportação, e uma capacidade e experiência de exportação alargada que “ainda falta no País”.
“O ambiente de negócio em Cabo Verde é fortemente teórico e burocrático, as infra-estruturas e logística para exportação ou reexportação são ineficientes e desconhecemos as potencialidades e o ‘modus operandi’ das transacções económicas no mercado africano”, aludiu, sublinhando que “o próprio sector industrial é esquecido”.
Segundo a mesma fonte, os produtores do Fogo, do vinho ou de qualquer outro sector, “não foram formalmente informados” desse acordo e desconhecem a estratégia do País para beneficiar do mesmo, ou seja, quais são esses 90% de produtos abrangidos, quais as regras sobre a origem e quais os serviços e infra-estruturas que terão como apoia.
A presidente da APVF disse que falta também equacionar a questão dos transportes, “uma das grandes deficiências” do País, e a questão do “acesso difícil ao insumo”, elemento “crucial” quando se fala da indústria, porque sem matéria-prima, mão-de-obra, maquinaria e tecnologia, aludiu, “não se pode produzir”.
Para Maria da Ressurreição Graça, uma estratégia para a indústria nacional que crie condições infra-estruturais e legais, num quadro de incentivos e benefícios para a produção, “é crucial” para se poder beneficiar do Acordo de Comércio Livre em África.
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Inforpress/Fim