Cidade da Praia, 09 Nov (Inforpress) – O Presidente da República considerou hoje que excessiva partidarização da administração pública “provoca medo” e eleva os custos da participação na vida política em Cabo Verde ao mesmo tempo que prejudica globalmente na elaboração das políticas públicas.
Em balanço dos dois anos de mandato, José Maria Neves, durante um momento de diálogo aberto à sociedade civil e aos órgãos da comunicação social, no Palácio Presidencial, na cidade da Praia, frisou que os estudos mostram que os cabo-verdianos não estão disponíveis a assumir os custos da participação política.
“Fui candidato a presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina em 2000, me indicaram algumas pessoas que deveria contactar para integrarem a lista e foi no primeiro momento extremamente difícil. As pessoas não queriam ser vistas a falar comigo porque não queriam ser molestadas no emprego” referiu o chefe de Estado, enviando um alerta que a “excessiva partidarização” fragiliza a sociedade civil.
“Houve uma pessoa que fui convidar para ser membro da assembleia e me disse que tinha dois filhos que estavam a terminar o liceu e que precisava de cautela para ter acesso a bolsa de estudo. Foi difícil conseguir fechar a lista para câmara e assembleia antes do prazo”, continuou, sublinhando que foi confrontado novamente com o fenómeno na candidatura ao actual cargo.
José Maria Neves disse que a avaliação do desempenho tanto organizacional como individual imputa “mais” a lealdade política do que os resultados, e, por isso, a mobilização das capacidades e das competências para a melhoria do País tem sido prejudicada.
Para o Presidente, há uma excessiva dependência do Estado, das empresas e das organizações não-governamentais (ONG), daí a necessidade de investimentos para garantir a autonomia dos cabo-verdianos.
“Temos de considerar esta questão, libertar a sociedade das amarras do Estado, de nesse plano garantir mais liberdade individual e cumprir rigorosamente o artigo da Constituição da República que se refere à igualdade e que diz que ninguém pode ser discriminado pelas suas ideias, opções políticas e religiosas”, sustentou.
Relativamente aos órgãos da comunicação social, o Presidente da República asseverou que a falta de mecanismo que garanta a verdadeira autonomia dos órgãos públicos dificulta a abertura e total liberdade de expressão da imprensa.
“A imprensa tem tido dificuldades em exercer o seu papel de intermediação para a sociedade política e civil, reconhecendo os esforços que os profissionais fazem para termos uma comunicação social mais pujante no País”, afirmou.
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