Cidade da Praia, 16 Mai (Inforpress)- A ministra da saúde vincou hoje na Praia que o Governo continua a trabalhar no domínio das evacuações médicas, mas apontou a necessidade de continuar a melhorar as capacidades no País porque, sublinhou, “Portugal também tem problemas próprios”.
Filomena Gonçalves fez estas afirmações após ser questionada sobre o assunto pela imprensa no acto de entrega dos equipamentos hospitalares ao Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) na cidade da Praia por parte da República Popular da China.
Segundo a governante, o Ministério da Saúde tem trabalhado nas evacuações, mas reconheceu, no entanto, que Cabo Verde depende muito da disponibilidade de Portugal que também tem os “seus problemas”, pelo que o arquipélago tem que continuar a melhorar as suas capacidades internamente.
“Os cabo-verdianos que vão para Portugal entram no sistema de saúde como se fosse um português que tenha feito todo a sua vida o desconto para o sistema português e nós assistimos todos os dias que Portugal também tem os seus problemas, mas para resolução das questões de evacuações nós temos aqui de continuar a melhorar as nossas capacidades”, sublinhou.
“Por exemplo, houve uma diminuição muito acentuada em termos das evacuações no sector da oncologia porque nós criamos as condições que hoje os doentes fazem os primeiros tratamentos em Cabo Verde, fazem quimioterapia e só vão para Portugal fazer radioterapia que ainda não temos as capacidades de fazer, mas estamos a trabalhar para tal”, ressaltou Filomena Gonçalves.
A ministra lembrou ainda que está em curso o projecto da construção do Hospital Nacional, que terá as capacidades para responder a cobertura terciária e desta forma o País estará, igualmente, a diminuir, de que maneira, as evacuações.
Outra medida que irá contribuir ainda para redução das evacuações passa pela criação dos dois centros de hemodiálise no Hospital Universitário Agostinho Neto e no Hospital Baptista de Sousa, acrescentou a governante.
“Sabemos que ainda é um desafio e estamos a trabalhar e há que ressaltar que a especialização em que há maior espera tem que ver com ortopedia, isto porque também Portugal tem os seus problemas e nós estamos aqui a trabalhar afincadamente para criarmos estas capacidades”, enfatizou a ministra.
Instada, de igual modo, sobre a falta de insulina no mercado, a ministra da Saúde excusou-se a comentar este particular.
O custo com as evacuações médicas para Portugal suportadas pela segurança social cabo-verdiana aumentou mais de 14% em 2022, face ao ano anterior, para 5,2 milhões de euros, segundo dados oficiais compilados pela Lusa.
De acordo com um relatório sobre os pagamentos assegurados durante o ano passado pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), o custo global com o transporte e estadia destes doentes em evacuações médicas entre as ilhas de Cabo Verde e para Portugal ascendeu, globalmente, a mais de 925 milhões de escudos (8,4 milhões de euros), um aumento de 16,1% face a 2021.
TC/JMV
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