Portugal: Milhares respondem aos Movimentos Negros e participam na primeira Marcha Cabral em Lisboa

21/09/24 18:37

Lisboa, 21 Set (Inforpress) – Os Movimentos Negros promoveram hoje a primeira Marcha Cabral de Portugal, levando milhares de pessoas às ruas de Lisboa para celebrar o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, assinalado a 12 de Setembro.

A iniciativa inédita para homenagear o líder emblemático das lutas pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde teve lugar na mesma avenida [da Liberdade] onde, anualmente, milhares de pessoas se reúnem para celebrar o 25 de Abril, data que marcou o fim da ditadura e do fascismo salazarista em Portugal.

Com palavras de ordem, como “Nu finca pé e nu djunta mó pa nu caba ku racismo” (finquemos os pés e juntemos as mãos para acabar com o racismo), “25 de Abril també é Cabral”, (25 de Abril também é Cabral), “Camaradas, a luta continua”, “Viva Cabral, viva centenário” ou “Racistas e fascistas não passarão”, os organizadores consideraram que “o 25 de Abril nasceu em África”.

Os mesmos destacaram a importância crucial de Amílcar Cabral para a Revolução dos Cravos, por isso, para eles, a celebração do 25 de Abril só será plena quando houver o reconhecimento e a inclusão da figura de Cabral na memória e na história da democratização de Portugal.

A marcha que “carregou um forte simbolismo”, porque Amílcar Cabral é, para os Movimentos Negros e para muitos outros, um dos heróis da Revolução dos Cravos, defendendo que “o reconhecimento e a inscrição da figura de Amílcar Cabral na história de Portugal são formas de reparar a própria história do país”.

Sob o lema “Unidade e luta: contra o fascismo, a xenofobia e o neocolonialismo” os organizadores afirmaram que a marcha foi “contra a fome, a guerra, a miséria e a injustiça”.

O evento foi também em solidariedade com os povos do Congo, do Sudão, da Palestina, da Guiné-Bissau e em apoio a figuras como Cláudia Simões e Mumia Abu Jamal, que ainda hoje enfrentam a “brutalidade do poder capitalista, fascista, xenófobo, patriarcal, racista, afrofóbico e neocolonial”.

A marcha iniciou na rotunda do Marquês de Pombal, passando pela Avenida da Liberdade, até o Largo São Domingos, no Rossio.

Amílcar Cabral, filho do professor Juvenal Lopes Cabral (cabo-verdiano de ascendência guineense) e de Iva Pinhel Évora (nascida na ilha de Santiago, Cabo Verde), nasceu a 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, na então Guiné portuguesa (hoje Guiné-Bissau) e foi assassinado a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri, República da Guiné.

As comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Lopes Cabral, um político, agrónomo e referenciado como um “teórico marxista”, têm sido marcadas por diversos eventos académicos, culturais, políticos, desportivos e sociais em várias partes do mundo.

Neste mesmo dia, o partido Chega promoveu, à mesma hora, uma manifestação nacional na Alameda, também em Lisboa, contra a “insegurança” e “a imigração descontrolada”.

DR/HF

Inforpress/Fim

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