Lisboa, 10 Nov (Inforpress) – O embaixador de Cabo Verde em Portugal disse que está a acompanhar a crise política em Portugal, após a demissão na terça-feira do primeiro-ministro, António Costa, assegurando que todos os compromissos assumidos com o país estão salvaguardados.
Eurico Monteiro deu essa garantia em declarações à Inforpress, afirmando que o que está a acontecer é um evento político com uma “grande relevância”, com implicações várias a nível do calendário que seria previsível para acções governativas a curto e médio prazo, na sua opinião, levanta sempre alguma preocupação nas autoridades cabo-verdianas e dos outros países com os quais Portugal mantém relações de cooperação.
“Essas circunstâncias não mechem com questões essenciais de relacionamento entre Portugal e Cabo Verde (…), independentemente dos governos, dos titulares dos cargos e até de natureza de afinidade política ou não. Não é expectável que haja qualquer alteração que seja essencial. O que pode acontecer é algum sobressalto nos calendários”, frisou.
Conforme explicou, uma coisa é ter um membro do Governo com conhecimento do dossiê e com os requisitos necessários para imprimir a celeridade que é necessária, outra coisa é que quem entra de novo precisa de conhecer o contexto histórico e de compreender o que está sobre a mesa.
“Pode, eventualmente, num projecto ou acto, haver algum percalço em relação ao tempo de execução que pode acontecer algum atraso. As coisas estão salvaguardadas, porque são compromissos do Estado de Portugal, seja a nível do Governo, do Parlamento ou do Presidente da República e não prevemos qualquer espécie de perigo de retrocesso ou expectativa de incumprimento”, sustentou.
Eurico Monteiro aproveitou para enaltecer que o que está a acontecer é prova da existência de um sistema judicial que funciona e prova “muito clara” da dignidade do titular do cargo que adoptou o que lhe pareceu mais correcta e consentânea com o cargo.
“É de realçar que com o governo de António Costa as relações continuaram a ser boas, até excelentes, tivemos a máxima abertura, um nível de cooperação muito elevado e houve um grande entrosamento político entre os dois governos e as instituições públicas cabo-verdianas e portuguesas. Também não podia deixar de desejar os maiores sucessos pessoais e profissionais a António Costa”, disse.
O primeiro-ministro português, António Costa, pediu na terça-feira, 07, a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo e Sousa, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projectos de lítio e hidrogénio.
O Presidente convocou os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, na quarta-feira, 08, e reuniu-se com o Conselho de Estado esta quinta-feira, 09, tendo decidido dissolver o Parlamento e marcar as eleições legislativas para 10 de Março de 2024.
Em declarações aos jornalistas, António Costa recusou a prática “de qualquer acto ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.
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