ECOCV quer criar pequeno negócio comunitário com plásticos reciclados (c/vídeo)

Cidade da Praia, 21 Mai (Inforpress) – A Associação Cabo-verdiana de Ecoturismo (ECOCV) quer fazer do centro de reciclagem de plásticos em São Francisco um “pequeno negócio” para a comunidade local, contribuindo assim para o meio ambiente e para a saúde da população.

A proposta foi apresentada pela vice-presidente da associação, Edita Magilevicinte, explicando que a ideia faz parte do projecto Raiz Azul, financiado pela Iniciativa Darwin, do Reino Unido, e implementado pela ECOCV, em parceria com a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV). 

Iniciado em 2019, o projecto tem por objectivo buscar opções mais sustentáveis para reciclagem ou gestão do lixo doméstico como vidro e plástico, nas comunidades rurais, desenvolvimento da rede ecoturística que inclui as localidades de São Francisco, Rincão, Porto Mosquito e Gouveia.

Edita Magilevicinte, que é também coordenadora do projecto, disse que antes de iniciarem o processo foi feito um estudo na localidade de São Francisco, que identificou que o plástico constitui o lixo com maior volume.

A fase experimental teve início em Fevereiro desde ano com recolha em algumas localidades na praia de São Francisco de plásticos tipo 2 (PEAD) Polietileno de Alta Densidade, ou seja, os utilizados em embalagens de coca-cola, garrafas de água, de lixivia e sacos de supermercados.

Explicou que antes do processo de transformação, todo o material passa por um processo de preparação, limpeza e cortes, e só depois irá seguir para a máquina de trituração, injecção e de compreensão.

“A nossa ideia é que até ao final do ano possamos ter uma ideia forte sobre que tipo de produtos é que podem fazer para ser vendido no mercado cabo-verdiano, mas também algo que possa ser levado pelos turistas”, referiu a coordenadora.

A ideia, segundo Edita Magilevicinte, é contribuir para a redução de plásticos no meio ambiente, conservação do meio ambiente, mas também trazer algumas opções e benéficos para as famílias dessas localidades, sobretudo para as comunidades rurais.

“A perspectiva é boa, e pensamos que após a fase experimental e terminar o projecto as actividades possam continuar com a comunidade local para desenvolver um pequeno negócio onde os produtos feitos com plásticos podem ser vendidos no próprio centro, precisou.

Apesar de não ser um projecto que requer investimentos avultados, considerou que a continuidade do mesmo requer ainda mais apoio para torna-lo mais sustentável, ecológico, e possa diminuir os impactos negativos no meio ambiente.

A coordenadora afirmou que neste momento existe um posto de recolha em São Francisco onde cada pessoa pode deixar os plásticos e os vidros, e que, apesar de na cidade da Praia as pessoas já estarem mais sensibilizadas sobre esta questão, não têm feito recolha uma vez que a máquina disponível não permite.

“Estamos a ver o que pode ser feito, se tudo correr bem, ver a quantidade de plásticos que podemos reciclar por dia [e, possivelmente], convidar o público para trazer o material aqui [São Francisco]”, referiu adiantando que não dispor de números em termos de quantidade de plástico recolhido até ao momento, mas lembrou que 10 por cento (%) do lixo da cidade da Praia e de Cabo Verde são plásticos e que as garrafas de vidro podem chegar aos 20%.

Para Edita Magilevicinte, essa percentagem é elevada. Defende que é necessário diminuir o plástico, mas que, para tal, é preciso criar opções, trabalhar na conservação da natureza, na educação e sensibilizar a população.

Para o futuro, pretendem organizar excursão prática onde qualquer membro da comunidade, escolas e outras pessoas possam visitar o centro para se inteirarem sobre os impactos negativos e positivos dos plásticos, o que cada um pode fazer, realçando que o problema é a forma com o plástico é usado.

“A ideia é que a equipa local possa liderar esse processo com uma parte teórica onde será explicado todo o ciclo de vida do plástico e depois serão mostrados exemplos práticos de como pode ser feita a reciclagem, e, ao mesmo tempo, convidar crianças e famílias para começaram a separar vários tipos de plásticos”, sublinhou.

A vice-presidente da ECOCV adiantou que nesta fase, fazem parte do projecto quatro membros activos, mas poderão recrutar mais pessoas caso a quantidade de plástico aumentar.

Apesar de não ser um processo fácil, Edita Magilevicinte disse que a perspectiva “é boa”, sendo que trata-se de um projecto “muito interessante” que poderá ter impactos a nível do meio ambiente e contribuir para o rendimento das famílias dessas localidades.

“Pretendemos levar também essa iniciativa para outras localidades sendo que um dos objectivos é mostrar que é possível reduzir plásticos”, referiu a responsável da ECOCV, que aberta para receber voluntários e colaborar nesse processo.

O projecto de reciclagem de plástico está a ser implementado em parceria com a Associação para o Desenvolvimento de São Francisco e conta com outros parceiros como o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial (CERMI), a Uni-CV, as câmaras municipais e vários outros.

AV/CP

Inforpress/Fim

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