Cidade da Praia, 18 Out (Inforpress) – O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas está convicto de que a consagração da morna, em Dezembro, abrirá portas para a construção de políticas públicas e privadas para a consagração de novos artistas.
Abraão Vicente falava em declarações à imprensa, no final de uma visita à exposição e vendas de livros – Conto e Poesia de Eugénio Tavares, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde, no âmbito do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades que se celebra hoje sob o lema “Eu-génio: do legado à ficção”.
Convidado a fazer uma avaliação da situação da cultura no país, o governante considerou que cultura cabo-verdiana está de “boa saúde” devido às várias acções levadas a cabo durante este ano, com destaque para a reabilitação dos patrimónios histórico/cultural edificados, a consagração da língua cabo-verdiana como património imaterial e a consagração da tabanca, entre outros.
Segundo o ministro, em Cabo Verde ainda existe um “grande nicho” de pessoas que fazem a cultura e arte de maneira não profissional, sendo que o sector da música é a “mais promissora”, mas ainda há poucos produtores e poucos são os artistas que conseguem passar no filtro internacional.
“Temos grandes carreiras internacionais, mas hoje percebemos que os artistas pop cabo-verdianos como Djodje, Mayra Andradre, Nélson Freitas, artistas que são fora da linha tradicional cabo-verdiano estão a consagrar-se numa dimensão muito maior de que os tradicionalistas”, disse, afirmando que a consagração da morna abrirá portas para a construção de políticas, tanto públicas como privadas, para a consagração de novos artistas.
Ajuntou que o país ainda regista um “grande deficit” de publicação editorial, não tem capacidade de produção e penetração nos grandes mercados da Língua portuguesa e que são poucas as editoras com “pujança” para firmar os autores cabo-verdianos a nível internacional e há uma deficiência na tradução de autores cabo-verdianos.
No seu entender, há um desafio a nível de política editorial de música e ainda há que alinhar aquilo que é a política cultural cabo-verdiana com aquilo que é a real potencialidade.
O outro “grande desafio” apontado pelo ministro é o ensino formal das artes e a cultura nas escolas do país.
“Enquanto não se introduzir o ensino da língua cabo-verdiana, dos autores cabo-verdianos, não se introduzir todos os autores relevantes da cultura cabo-verdiana no ensino em Cabo Verde, muito dificilmente teremos a total valorização da cultura cabo-verdiana” frisou.
Apesar de alguns ganhos registados a nível deste sector, Abraão Vicente reconheceu que ainda não há razões para “grandes festas” uma vez que há um imenso trabalho a ser feito. Trabalho este que acredita deve ser feito a nível intergeracional.
“Eu creio que nos próximos 10/15 anos os próximos governos de Cabo Verde terão que reforçar não só a verba para o sector da cultura, que eu acredito que está muito abaixo daquilo que o sector da cultura merece”, contestou.
AM/ZS
Inforpress/Fim