Demissão/Luís Filipe Tavares: Carlos Veiga disse não ver problema nenhum em César do Paço ser um dos financiador do Chega

Cidade da Praia, 12 Jan (Inforpress) – Carlos Veiga disse hoje não ver nenhum problema o facto do cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida, César do Paço, ser um dos financiadores do partido Chega, e considera que foram criadas uma série de extrapolações políticas.

A constatação foi feita pelo antigo embaixador de Cabo Verde nos Estados Unidos da América, Carlos Veiga, depois de ser questionado sobre a nomeação de César do Paço, para o cargo de cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida, apesar da polémica despoletada na imprensa portuguesa que o aponta como um “criminoso” e patrocinador do partido Chega.

“A proposta que eu fiz quando estava como embaixador que foi para a esposa, que é cônsul honorária em New Jersey. Ele contactou-me na embaixada como investidor e ele esteve em Cabo Verde a ver as possibilidades de investimento. Depois de ele ter saído, houve essa hipótese de fazer a nomeação dele como cônsul por uma parte da Florida, sendo que temos lá um outro cônsul honorário que é um cidadão cabo-verdiano e americano”, explicou.

Revelou que todas as informações que receberam sobre César do Paço não são as que constam da reportagem divulgada esta segunda-feira na SIC, que avança que o empresário português é o principal financiador do Chega, partido da extrema-direita de Portugal.

“O movimento da extrema-direita é um partido que está em Portugal, e nós não escolhemos os partidos que as pessoas aderem”, referiu Carlos Veiga, que considerou que a sua nomeação não é um contra-senso, sendo que César do Paço vai trabalhar como cônsul honorário e não com os emigrantes cabo-verdianos.

O antigo primeiro-ministro disse não ver problema o facto de César do Paço ser um dos financiador do Chega e afirmou que o partido tem um número bastante grande de pessoas e que não tiveram informações sobre isso e nem tinham que ter.

Em relação à demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, disse entender que há uma série de extrapolações políticas, no fundo de ligação como partido da extrema-direita.

“Para ter em conta as extrapolações que foram consideradas, eu acho que ele agiu bem em pedir a sua demissão”, avançou Carlos Veiga, que considera que não há nenhuma ligação com partido da extrema-direita.

Por outro lado, afirmou que não é necessário investigar qual é a ligação partidária do cônsul honorário sendo que já dispõe de um currículo e a mesmo passou por um crivo das próprias autoridades americanas.

“Com todas essas extrapolações que foram feitas, penso que o Governo tem toda legitimidade para dizer não quero isso, mas não é isso que está em causa. Agora quando se escolhe uma pessoa e no momento que se escolheu e que foi aceite pelas autoridades americanas não havia nenhuma referência a esse tipo de problemas”, indicou, considerando que o Governo agiu de boa-fé.

Na ocasião, adiantou que César do Paço pretendia investir em Cabo Verde na Emprofac, na área de medicamentos ou de suplementos alimentares, que é a sua área e é nessa perspectiva que ele veio a Cabo Verde ver a possibilidade de investimentos.

“Ele teve a indicação para ser cônsul numa parte da Florida, mas não é só chegar e nomear, o País tem que aceitar, tem que certificar-se de que é uma pessoa considerada, honesta que não tem questões com a justiça”, sublinhou Carlos Veiga, que disse que é preciso provar efectivamente se o que consta da notícia da SIC corresponde à verdade.

Carlos Veiga mencionou ainda que não viu na peça que ele tivesse sido condenado pelo crime que lhe é atribuído.

Para o antigo primeiro-ministro, a saída de Luís Filipe Tavares não irá fragilizar o MpD, sendo que na política é preciso tomar posições que entendem que devem ser tomadas para a dignidade da própria pessoa e para um bem que possa ser maior.

Na reportagem de investigação intitulada “A Grande ilusão: cifrões e outros demónios”, divulgada esta segunda-feira na SIC, César do Paço é apontado como principal financiador do Chega, partido da extrema-direita de Portugal.

As informações divulgadas apontam ainda que César do Paço foi acusado em 1991 em Portugal de crime de roubo qualificado, tendo o Ministério Público decretado a sua prisão preventiva, seguindo de um mandado de captura. Contudo, não chegou a ser julgado porque fugiu.

AV/JMV

Inforpress/Fim

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