Londres, 24 Mai (Inforpress) – A Coreia do Norte, a Eritreia e a Mauritânia são os países mais afectados pela escravatura moderna, segundo o Índice Global de Escravidão publicado hoje, que assinalou também o agravamento desta situação no mundo.
No relatório, estima-se que 50 milhões de pessoas estavam “em situação de escravidão moderna” em 2021, 10 milhões a mais do que em 2016. Este número inclui 28 milhões de pessoas em situação de trabalho forçado e 22 milhões de pessoas casadas à força.
Entre os factores que explicam este agravamento, destacam-se os “conflitos armados crescentes e mais complexos” e o impacto da pandemia da covid-19.
O relatório, realizado pela associação Walk Free, define a escravidão moderna como “trabalho forçado, casamento forçado, servidão por dívida, exploração sexual” ou ainda “venda e exploração de crianças”.
A Coreia do Norte tem a taxa mais alta, com 104,6 pessoas em situação de escravidão moderna por 1.000 habitantes.
Em seguida vêm a Eritreia (90,3) e a Mauritânia (32), que foi o último país, em 1981, a tornar ilegal a escravidão hereditária.
Muitos dos países mais afectados estão em regiões consideradas voláteis, passando por conflitos ou instabilidade política, com grandes populações vulneráveis, como refugiados ou trabalhadores migrantes.
Também entre os 10 países mais afectados estão a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, onde a “kafala”, um sistema de tutela dos empregados, limita os direitos dos trabalhadores migrantes. Nestas posições de destaque estão também a Turquia, “que acolhe milhões de refugiados sírios”, o Tajiquistão, a Rússia e o Afeganistão.
Embora o trabalho forçado seja mais comum em países pobres, tem vínculos profundos com as necessidades dos países mais ricos, aponta o relatório, constatando que dois terços dos casos de trabalho forçado estão ligados a cadeias internacionais de fornecimento de produtos.
O relatório destaca que os países do G20 actualmente importam 468 mil milhões de dólares (434 mil milhões de euros) de bens que podem ter sido produzidos com trabalho forçado, um valor acima dos 354 mil milhões (328 mil milhões) assinalados pelo relatório anterior.
Os produtos electrónicos continuam a ser os de maior risco, seguidos por roupas, óleo de palma e painéis solares.
“A escravidão moderna permeia todos os aspetos da nossa sociedade. Está presente nas nossas roupas, nos nossos aparelhos electrónicos e tempera a nossa comida”, disse a directora da associação Walk Free, Grace Forrest.
“Fundamentalmente, a escravidão moderna é uma manifestação de extrema desigualdade. “É um espelho erguido ao poder, que reflecte quem, numa dada sociedade, tem e quem não tem este poder”, sublinhou Grace Forrest.
Inforpress/Lusa
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