Comissária da União Africana defende participação de mais mulheres nos sistemas agroalimentares

Cidade da Praia, 13 Abr (Inforpress) – A Comissária da União Africana revelou em Roma (Itália) que na África subsaariana pelo menos 66 % do emprego feminino está nos sistemas agroalimentares mas não se conforma que o continente seja ultrapassado pelo sul da Ásia.

A diplomata africana Josefa Correia Sacko avançou estes dados na cidade de Roma quando assistia ao lançamento do novo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) sobre o estatuto da mulher nos sistemas agroalimentares, onde afirmou que no sul asiático as mulheres trabalham esmagadoramente 71 % neste sector.

De acordo com comunicado de imprensa da União Africana enviada à Inforpress, a comissária fez saber que capacitar as mulheres e reduzir a diferença de género nos sistemas agroalimentares” afigura-se como uma “boa economia” e uma situação “win-win” que conduziria a benefícios sistemáticos para as mulheres e para a sociedade no seu conjunto.

Considerou tratar-se de uma forma de reduzir a fome, aumentando os rendimentos e reforçando a resiliência das comunidades rurais, tal como demonstrado neste relatório”, vincou.

“Devemos trabalhar em conjunto para sistemas agroalimentares, justos e sustentáveis, especialmente se os objectivos de desenvolvimento sustentável tiverem de ser alcançados até 2030, especialmente o de igualdade de género e empoderamento das mulheres e raparigas, eliminando a pobreza e acabando com a fome “, frisou a embaixadora de carreira.

O acesso das mulheres a bens e recursos fundamentais para os sistemas agroalimentares – tais como terra, insumos, serviços, finanças e tecnologia digital, realçou, continua a ficar aquém da realidade, por entender que as mulheres na agricultura ainda têm significativamente menos acesso do que os homens aos factores de produção, incluindo sementes melhoradas, fertilizantes e equipamento mecanizado.

Para colmatar a lacuna existente a Comissária da União Africana disse que se deve partir, em primeira instância, à recolha e utilização de dados de alta qualidade, desagregados por sexo, idade e outras formas de diferenciação social e económica, e a implementação de investigação rigorosa qualitativa e quantitativa sobre o género, importância primordial para o acompanhamento, avaliação e aceleração dos progressos em matéria de igualdade de género nos sistemas agro- alimentares.

Reforçou que a capacitação das mulheres nos sistemas agroalimentares para colmatar as disparidades e a adopção de intervenções específicas que integram acções explícitas em prol da igualdade de género e do empoderamento das mulheres, devem utilizar, abordagens transformadoras a nível comunitário e nacional para abordar normas e atitudes discriminatórias de género.

O relatório da FAO revela que as políticas e orçamentos nacionais na África Oriental e na América Latina, lacunas estruturais no acesso à terra, insumos, serviços, finanças e tecnologia digital, e incluiu esforços para produzir resultados que respondam às questões de género.

Ressalta ainda o documento, apresentado na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação, que as mulheres africanas geralmente colhem frequentemente uma colheita escassa, estimada em 20 a 30 por cento menos do que os homens agricultores.

Isto, explicitou, “não devido a condições climáticas adversas ou à má qualidade do solo, mas devido ao seu género – mais especificamente, devido a uma infinidade de leis, políticas, programas e costumes que as colocam numa situação de desvantagem significativa”.

SR/AA

Inforpress/Fim

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