Praia: Armadores, pescadores e peixeiras reclamam escassez de peixes para venda e consumo

Cidade da Praia, 05 Jan (Inforpress) – Os armadores, pescadores e peixeiras da Cidade da Praia reclamam da escassez de peixes para a venda e o consumo nesta época do ano justificando que tal situação se deve às alterações climatéricas, dificultando o sustento das suas famílias.

Ouvida pela agência cabo-verdiana de notícias, Maria Semedo, armadora do Cais de Pesca da Praia, adiantou que já há quase um mês que o cais não recebe peixes, explicando que é por causa do tempo considerado “baixo e de lua”, mas que mesmo assim vão para este local todos os dias na esperança de encontrar alguma coisa.

Esta armadora, mais conhecida por “Tufuca”, apresenta ainda como causa, o facto de neste momento os barcos estarem a passar por vistoria para terem licença para a faina, porque sem isso não conseguem ter permissão para o barco sair para a pesca.

Por sua vez, o pescador José Lobo, mais conhecido por “Van”, que labuta todos os dias neste sector, falou à Inforpress, num tom de voz de revolta, mencionando que esta escassez acontece por causa de pouco peixe no mar, responsabilizando o governo de ter negociado a pesca que faz com que os outros países também apanhem peixes no mar de Cabo Verde.

“Temos o problema de encontrar o peixe no mar, porque o governo negociou o sector da pesca com outros países, em que possam apanhar peixes no mar de Cabo Verde”, esclareceu.

Para além disso, Van aponta um conjunto de dificuldades que enfrentam na pesca no dia-a-dia, nomeadamente, os equipamentos, como roupas, anzóis, redes para as pescas e a segurança marítima.

Na mesma linha, João Almeida, outro entrevistado da Inforpress, realçou também que a falta de equipamentos constitui um desafio para os pescadores, sobretudo a rede que é um dos equipamentos principais para a pesca, considerando que não tem mercado que venda este material em Cabo Verde.

“Temos o problema de rede, porque não está disponível para a venda no mercado nacional, e quando tem é uma pessoa amiga que traz de fora para nos vender e tem um custo muito elevado pelo que muitos preferem desenrascar com o velho que têm”, frisou.

João Almeida destacou igualmente o aumento do preço dos combustíveis como outro desafio neste momento, justificando o aumento do preço do pescado também com o custo dos combustíveis.

Para o tratador de peixes António Almeida a escassez do peixe “é enorme” neste momento e que a classe está a passar por muitas dificuldades financeiras, porque tiram o pouco que têm todos os dias para ir ao trabalho e não conseguem lucrar nada porque “sem peixe, não há clientes”.

“Todos os dias chegamos aqui e ficamos à espera que o peixe apareça, mas não há, porém isso não tira-nos a esperança, mesmo pagando os transporte todos os dias para vir aqui [Cais de Pesca], sabendo que tudo está caro”, lamentou a mesma fonte.

Todos os entrevistados da Inforpress argumentaram que passam por dias difíceis, sobretudo nas últimas semanas, esclarecendo que é uma época de escassez de peixes e que pode estender por dois meses, mas não percam a esperança de que dias melhores hão de vir.

Ainda aproveitaram para pedir ao governo para ver este sector, mesmo sabendo da crise da pandemia que assolou o mundo inteiro e a guerra na Ucrânia, para que consigam viver e trabalhar com mais dignidade.

DG/CP

Inforpress/Fim

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