CEDEAO: Jorge Santos considera que candidatura de Cabo Verde não foi um fracasso

 

Cidade da Praia, 17 Dez (Inforpress) – O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, afirmou que o facto de Cabo Verde perder a presidência da CEDEAO para a Costa do Marfim não “belisca” a dignidade do país e que a candidatura não foi um fracasso.

Jorge Santos, que falava aos jornalistas, à margem da cerimónia de inauguração das obras de asfaltagem de Paiol/Castelão, na Cidade da Praia, disse que foi um processo normal de candidatura em que prevaleceu a da Costa do Marfim.

Apesar da derrota, sublinhou que neste momento o mais importante é afirmar o posicionamento na sub-região e no continente, frisando que Cabo Verde perdeu uma oportunidade, mas há-de ganhar outras sendo que a vida é composta também por fases menos boas.

“Agora, temos de preparar para daqui há quatro anos afirmamos na presidência da comissão da a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, salientou o presidente que considera que a perda não irá beliscar a dignidade e o forte engajamento na integração a nível regional.

Questionado sobre as afirmações da líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição), que disse que “faltou tratamento com sentido de Estado” no processo de candidatura, Jorge Santos adiantou que quem tem a responsabilidade de executar e de dirigir a diplomacia nacional é o Governo sobre a superintendência do Presidente da República.

Entretanto, assegurou que o parlamento teve a sua função e esteve envolvido num determinado momento deste processo e que tem realizado várias acções visando a integração africana.

Cabo Verde perdeu para a Costa do Marfim a presidência da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) durante a cimeira de chefes de Estado da organização, que decorreu sábado, em Abuja, Nigéria, num processo já repudiado por Cabo Verde.

Em entrevista a Televisão de Cabo Verde (TCV), Jorge Carlos Fonseca disse que a derrota de Cabo Verde na corrida à presidência da comissão da CEDEAO está ligada à “arranjos políticos”, considerando que quem perdeu com isso foi a própria organização, que não respeitou as suas próprias regras.

Da parte do Governo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, afirmou que foi uma derrota para a Comunidade e não para a diplomacia cabo-verdiana, sublinhando que Cabo Verde respeitou todos os procedimentos e regras da comunidade, e que as dívidas de cerca de 25 milhões de dólares não eram motivo para o país ser excluído da presidência, que segundo os estatutos é rotativa e respeita a ordem alfabética.

A presidência da comissão da CEDEAO foi decidida antes da aprovação da ordem do dia dos trabalhos da 52.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, numa sessão à porta fechada, tendo a questão sido discutida durante três horas.

Em cima da mesa estiveram quatro candidaturas: Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia e a renovação da actual presidência do Benim.

Durante a reunião, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, fez seis intervenções, defendendo o direito do país a assumir a liderança da comunidade em respeito pela ordem alfabética instituída na organização.

Com a Costa do Marfim a ser escolhida para assumir a presidência, o chefe de Estado cabo-verdiano mostrou “o seu repúdio pela forma como a questão foi tratada e considerou inaceitável o não cumprimento de regras estabelecidas”, solicitando o registo da sua posição na acta final da Cimeira.

Criada em 1975, a CEDEAO agrupa 15 países da Costa Ocidental de África, incluindo os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, e totaliza mais de 300 milhões de habitantes.

AV/CP

Inforpress/Fim

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