Mindelo, 14 Nov (Inforpress) – O presidente do Instituto do Mar (IMar), Albertino Martins, considerou hoje, no Mindelo, a necessidade de o arquipélago diversificar as espécies de peixes a serem pescadas, investir numa frota especializada e na investigação científica.
O responsável, que falava à imprensa na sequência da sua participação na conferência “Gestão sustentável da pesca”, integrada na Cabo Verde Ocean Week (Semana dos Oceanos de Cabo Verde), admitiu haver uma dualidade entre a disponibilidade de recursos e a sobre-exploração na pesca.
“Temos vindo a fazer a pesca de forma tradicional, muitas vezes industrial, lá onde é possível, mas, de todo, continuamos a fazer a pesca artesanal de forma que fazíamos há muito tempo”, sublinhou, adiantando que vêm sendo capturadas as mesmas espécies e nos mesmos sítios.
Mas, a ideia, segundo a mesma fonte, é diversificar e explorar um potencial que “não está a ser explorado”.
Até porque a pesca no país, sublinhou, está a ser feita sobretudo para espécies como cavala, chicharro, e, nos últimos tempos, melva, considerado um “nicho importante” utilizado pelas conserveiras, e com um esforço de pesca a ser canalizado para aquilo que os operadores acreditam vender logo.
“Temos um potencial a ser explorado que são os recursos de profundidade e não estamos a ser eficientes nesse aspecto. Temos as garoupas, moreias e todos os sargos e ainda temos espécies com muito mais valor comercial como o sharon, boca negra, e que não estamos a atingir esses recursos porque não temos uma frota especializada”, avançou Albertino Martins.
Daí, sustentou, ser premente a questão da modernização da frota para “explorar o pouco que se tem, de forma sustentável”.
Entretanto, o presidente do IMar diz-se consciente da capacidade financeira dos armadores e, por isso, avançou, o Governo está a apostar na fibragem dos barcos, para aumentar a eficiência da procura de recursos, que neste momento, devido às “influências fortes” de mudanças climáticas e o aumento da temperatura da água, têm levado as espécies para as profundidades ou mais longe.
Albertino Martins declarou, por outro lado, que a transformação passa pela mudança de mentalidade e ainda a aposta na investigação científica
“A investigação científica é fundamental, é o suporte da administração pesqueira. Não podemos administrar aquilo que não conhecemos e esse é que é o papel do IMar no ecossistema no Ministério do Mar”, elucidou.
E neste quesito, asseverou, Cabo Verde tem sido um “exemplo” de gestão sustentável, ao transformar as pesquisas em políticas de gestão, quando há recursos em stress e outros que não estão a ser explorados, mas, que, asseverou, tem uma “diversidade enorme” e podem trazer riquezas.
As actividades da Cabo Verde Ocean Week prosseguem até sexta-feira, 17, com conferências, `blue talks´, feira azul, apresentação de projectos, entre outras.
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